Panorama internacional

Golpe da mala: casal líbio-brasileiro detido por tráfico durante 5 meses na Turquia é inocentado

Ahmed Hasan e Malak Treki ganharam manchetes internacionais após serem presos na Turquia por tráfico internacional de drogas no fim do ano passado. Policiais do país descobriram cerca de 43 quilos de cocaína em malas com etiquetas em nome do casal, apreendidas no aeroporto de Istambul.
Sputnik
Bastou uma das etiquetas do carrinho de bebê do filho do casal líbio-brasileiro Ahmed Hasan e Malak Treki para uma organização que atua no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, fazer deles vítimas do golpe da mala. Durante uma viagem em outubro de 2022 para a Turquia, os criminosos tiveram acesso ao material na área restrita do terminal, quando usaram o papel para etiquetar outra bagagem com a droga.
A modalidade passou a ser usada pelo tráfico internacional de drogas para o envio de entorpecentes ao exterior usando nomes de pessoas que despachavam bagagens, principalmente para países como Alemanha, Turquia, França e Portugal. Conforme mostrou reportagem da Sputnik Brasil no fim de abril, Ahmed e Malak chegaram a ficar presos na Turquia por quase cinco meses. A notícia veio quando Ahmed realizava uma viagem a trabalho ao país, em maio de 2023. Na ocasião, ficou impedido de deixar o país e em dezembro Malak e ele tiveram a prisão preventiva decretada.
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Uso de etiquetas até de carrinho de bebê: tráfico e golpe da mala nos aeroportos do Brasil (VÍDEO)
Em primeira mão à reportagem, a advogada do casal, Luna Provazio, informou que nesta terça-feira (21) a Justiça do país inocentou os líbio-brasileiros das acusações após a última audiência do caso.
"Eles, claro, ficaram muito aliviados com a notícia que confirmou a inocência deles. E também felizes de que a justiça foi feita, embora tenha demorado. Sem contar que eles tiveram diversos prejuízos e danos durante todo esse tempo de prisão injusta na Turquia", disse à Sputnik Brasil.
Desde o fim do último mês, o casal estava em liberdade provisória, mas ainda obrigados a permanecer no país. Com a decisão, Ahmed e Malak podem retornar para a Líbia, onde vivem com a família, em uma semana, segundo Provazio.

"E vão recomeçar a vida, tentar voltar ao trabalho, à rotina. Cuidar da saúde mental deles, que ficou muito fragilizada. Voltar ao convívio com as crianças, que ficaram afastados […] por muito tempo. A Malak, durante o período em que ficou presa, não teve contato com as crianças. Então foram 141 dias longe dos filhos. E o Ahmed ficou ainda mais tempo, porque ele, mesmo antes de ser preso, estava na Turquia proibido de sair do país", acrescenta.

O que é o golpe da mala?

Responsável por receber mais de 41 milhões de passageiros só no ano passado, o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, é o segundo mais movimentado da América Latina e concentra 90% dos voos internacionais do Brasil. Diante dessa magnitude, também é um dos terminais mais usados pelas organizações criminosas para o envio de drogas como cocaína a outros continentes por via aérea.
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Terra, ar e mar: tráfico no Brasil usa até mergulhadores para acoplarem drogas nos navios (VÍDEO)
Para além das pessoas cooptadas pelas organizações criminosas para o transporte do material, há os casos da troca de malas com vítimas que sequer percebiam que eram alvo de um golpe, conforme mostrou reportagem especial da Sputnik no dia 30 de abril. É o que aconteceu com o casal líbio-brasileiro no terminal.
A bagagem que usou uma das etiquetas do carrinho de bebê do casal continha cerca de 43 quilos de cocaína e foi apreendida em outubro de 2022, em Istambul. Como as malas não foram buscadas no portão de desembarque, já que também chegaram ao local quatro dias após a ida da família ao país, a polícia turca desconfiou da situação e fez uma averiguação, quando a droga foi localizada. Em maio de 2023, Ahmed retornou à Turquia a trabalho e foi informado sobre uma investigação que estava em curso há sete meses.

"Foi quando ele se desesperou e disse que nunca tinha realizado nenhum tipo de crime, que teria feito a viagem na época inclusive com os filhos pequenos. Entraram em contato comigo e, durante a produção de provas aqui no Brasil, descobrimos que as imagens do aeroporto da data em que houve o golpe já tinham sido deletadas. No país, o período durante o qual os vídeos ficam armazenados varia de 60 a 90 dias", relatou à reportagem publicada em abril a advogada Luna Provazio.

Em dezembro, a Justiça turca decretou a prisão preventiva do casal até a audiência final, prevista para março deste ano por risco de fuga diante da dupla cidadania. Em abril, os dois conseguiram liberdade provisória, mas ficaram impedidos de deixar a Turquia.
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