Os comandantes da linha de frente ucraniana estão se preparando para um fluxo de recrutas mal treinados, que serão convocados de acordo com a nova lei de alistamento, escreve no domingo (2) o jornal norte-americano The Washington Post.
Os comandantes reclamaram que costumavam passar semanas ensinando aos novos recrutas habilidades básicas, como atirar, pois a maioria era mal treinada.
"Tínhamos homens que não sabiam nem como desmontar e montar uma arma", disse ao jornal um vice-comandante de batalhão com o codinome Schmidt.
Ele detalhou que os comandantes "estão perdendo muito tempo [na linha de frente] com o treinamento básico" da "nova infantaria" para tentar evitar um cenário iminente de recrutas sendo enviados ao campo de batalha "para simplesmente morrer".
Os comandantes de campo ucranianos têm se queixado repetidamente da falta de preparo dos recrutas nos centros de treinamento, "um lembrete de que uma lei de mobilização recém-adotada [na Ucrânia] é apenas um passo para resolver os problemas de pessoal das Forças Armadas" em meio à ofensiva contínua da Rússia, relata o The Washington Post.
A nova lei de mobilização da Ucrânia aperta as condições do alistamento militar para reabastecer o Exército ucraniano, esgotado por dois anos de conflito com as tropas russas.
A lei foi assinada em abril por Vladimir Zelensky. Trata-se de um documento que reduziu a idade de alistamento de 27 para 25 anos, ampliou os poderes dos oficiais de alistamento e introduziu penalidades para os desertores, com multas que variam entre 17 mil e 59,5 mil grivnas (entre R$ 2.204 e R$ 7.712).
Espera-se que dezenas de milhares de homens ucranianos sejam convocados de acordo com o documento, que entrou em vigor em 18 de maio.