Cada vez mais países se empenham em reforçar a soberania, afirmou nesta sexta-feira (14) Vladimir Putin, presidente da Rússia.
"É com base na nova realidade política e econômica que hoje estão sendo formados os contornos de uma ordem mundial multipolar e multilateral, e esse é um processo objetivo. Ele reflete a diversidade cultural e civilizacional, que, apesar de todas as tentativas de unificação artificial, é organicamente inerente aos seres humanos."
O mundo está mudando rapidamente e não será mais o mesmo de antes - nem na política global nem na economia, na opinião de Putin.
"[...] Considero importante [...] definir tarefas apropriadas para o departamento de política externa. Todas elas estão subordinadas ao objetivo principal – criar condições para o desenvolvimento sustentável do país, garantir sua segurança e melhorar o bem-estar das famílias russas", segundo ele.
O presidente notou que o trabalho nessa área nas realidades desafiadoras e em rápida mudança de hoje exige uma concentração ainda maior de esforços, iniciativa e perseverança, e também a capacidade de responder não apenas aos desafios atuais, mas também de moldar sua agenda de longo prazo.
"As potências ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos, achavam que haviam vencido a Guerra Fria e tinham o direito de
determinar de forma independente como o mundo deveria ser organizado. A expressão prática dessa visão de mundo foi o projeto de expansão ilimitada no espaço e no tempo do bloco do Atlântico Norte [...]. Nossas perguntas justas foram respondidas com desculpas no espírito de que ninguém vai atacar a Rússia e que a expansão da OTAN não é dirigida contra a Rússia."
Vladimir Putin ainda lembrou como, "há dois anos, na cúpula da OTAN em Madri, eles anunciaram que a aliança agora lidará com questões de segurança. Não apenas na região euroatlântica, mas também na região da Ásia-Pacífico. Eles dizem que não podem ficar sem eles lá também. Obviamente, por trás disso está uma tentativa de aumentar a pressão sobre os países da região cujo desenvolvimento eles decidiram restringir. Como vocês sabem, nosso país, a Rússia, está no topo dessa lista".
Sobre as Forças Armadas da Rússia, o presidente da Rússia garantiu que várias opções estavam em cima da mesa, mas não havia discussão de tomar Kiev no início de 2022.
O presidente russo declarou que para um cessar-fogo e início das negociações é preciso que Kiev retire as tropas das regiões russas de Kherson, Zaporozhie, Donetsk e Lugansk e oficialmente declare que não tem planos de aderir à OTAN.
Ele sublinhou que se trata não de um congelamento mas sim de um fim completo do conflito. A Rússia hoje faz mais uma proposta de paz, mas, se o Ocidente e Kiev recusarem, seguirão sendo responsáveis pelo derramamento de sangue, destacou o presidente.
Ele defendeu que "nossa posição de princípio é a seguinte:
o status neutro, não alinhado e não nuclear da Ucrânia, sua desmilitarização e desnazificação. Ainda mais porque esses parâmetros foram geralmente acordados
durante as negociações de Istambul em 2022".