O conflito na Ucrânia foi claramente provocado pelo Ocidente e sua continuação representa o "fracasso absoluto" da diplomacia de Washington, disse no sábado (15) o renomado economista norte-americano Jeffrey Sachs.
Falando em uma entrevista com o jornalista Afshin Rattansi, Sachs, um dos maiores especialistas em economias pós-soviéticas e ex-assessor especial do secretário-geral da ONU, avaliou que o Ocidente poderia ter evitado facilmente o conflito na Ucrânia, que já vinha se desenvolvendo há muitos anos, se tivesse abandonado suas muitas políticas de escalada, incluindo a expansão da OTAN.
O G7, disse o economista, e especialmente os EUA, cresceram "com uma grande arrogância", acreditando que poderiam fazer o que quisessem. Essa abordagem arrastou o mundo para duas grandes crises geopolíticas, como os conflitos na Ucrânia e em Gaza, alimentando ao mesmo tempo as tensões entre Pequim e Washington em relação a Taiwan. Os EUA são um "ator irresponsável" em todos os três eventos, argumenta Sachs.
O especialista também criticou os políticos e a mídia ocidentais por afirmarem que a operação militar russa na Ucrânia não foi "provocada", lembrando que ela foi precedida por inúmeras "provocações", incluindo várias ondas de expansão da OTAN, o golpe de 2014 em Kiev apoiado por Washington e o fracasso do Ocidente em pressionar a Ucrânia a implementar os Acordos de Minsk.
Sachs também sugeriu que o Ocidente poderia facilmente ter posto fim ao conflito desde o início, já que Moscou e Kiev haviam elaborado um acordo de paz preliminar durante as negociações na Turquia em 2022. No entanto, de acordo com ele, Boris Johnson, então primeiro-ministro do Reino Unido, aconselhou Kiev a não negociar.
"Foi um conselho terrível e um erro de cálculo terrível, terrível", disse ele, destacando que milhares de soldados ucranianos morreram como resultado dessa decisão.