A mídia norte-americana descreve a interepretação do bloco por países que ainda não são membros "como o BRICS sendo uma proteção contra as instituições lideradas pelo Ocidente".
O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, declarou antes da visita de Li a sua intenção de se candidatar ao BRICS depois que o bloco dobrou de tamanho no começo deste ano.
A Tailândia anunciou no mês passado a sua própria candidatura de adesão. O bloco "representa um quadro de cooperação sul-sul do qual a Tailândia há muito deseja fazer parte", disse o ministro das Relações Exteriores, Maris Sangiampongsa, a jornalistas na semana passada.
Outra nação foi a Indonésia, considerada uma das primeiras favoritas à adesão em 2023, antes do presidente Joko Widodo indicar que não tomaria uma decisão apressada.
Também se pronunciou o Vietnã, visitado por Putin na quarta-feira (19). Hanói tem acompanhado o progresso do grupo com "grande interesse", como afirmou a emissora estatal Voice of Vietnam no mês passado.
O BRICS atrai esses países ao oferecer acesso a financiamento, mas também fornecendo um apoio político local independente da influência dos Estados Unidos, escreve a mídia.
Para os países que procuram mitigar os riscos econômicos da intensificação da concorrência EUA-China, a adesão ao BRICS é uma tentativa de ultrapassar algumas dessas tensões.
Mas é também uma forma de sinalizar a crescente frustração com a ordem internacional liderada pelos norte-americanos e com instituições-chave que permanecem firmemente sob o controle das potências ocidentais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), escreve a Bloomberg.
"Alguns de nós, incluindo pessoas como eu, pensamos que precisamos encontrar soluções para a injusta arquitetura financeira e econômica internacional. Portanto, o BRICS seria provavelmente uma das formas de equilibrar algumas coisas", disse o ex-ministro das Relações Exteriores da Malásia, Saifuddin Abdullah, citado pela mídia.
Para Putin e o presidente chinês, Xi Jinping, o interesse no BRICS também mostra o seu sucesso em repelir as tentativas dos EUA e dos seus aliados de isolá-los.
O grupo que, durante anos, consistiu em apenas cinco membros se expandiu para dez com a inclusão da Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Egito em janeiro deste ano.
O impulso para adicionar novos membros continua e, apesar dos esforços dos EUA e da Europa para impedir que os países negociem com Moscou, representantes de 12 países não membros compareceram no Diálogo do BRICS na Rússia neste mês. Incluíam inimigos de longa data dos EUA, como Cuba e Venezuela, mas também nações como a Turquia, Laos, Bangladesh, Sri Lanka e Cazaquistão, detalha a mídia.
Após a expansão deste ano, o BRICS planeja convidar países não membros a participar na sua próxima cúpula na cidade russa de Kazan, em outubro.
O simples fato de acolher o evento dá à Rússia mais uma oportunidade de mostrar ao mundo que não está isolada pela oposição ocidental ao conflito na Ucrânia.
Porém, os benefícios potenciais da adesão ao BRICS vão além da geopolítica. Os membros do bloco concordaram em reunir US$ 100 bilhões (R$ 544 bilhões) em reservas em moeda estrangeira, que podem emprestar uns aos outros durante emergências.
O grupo também fundou o Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco do BRICS, – uma instituição modelada pelo Banco Mundial que aprovou quase US$ 33 bilhões (R$ 180 bilhões) em empréstimos, principalmente para projetos ligados a água, transportes e infraestrutras, desde que iniciou as suas operações em 2015.
Esse conjunto de investimentos seria útil no Sudeste Asiático, onde o financiamento oficial para o desenvolvimento diminuiu para um mínimo de US$ 26 bilhões (R$ 141 bilhões) em 2022, de acordo com um relatório publicado neste mês pelo Lowy Institute, com sede em Sydney, na Austrália.
Outra atração para a adesão, disse Saifuddin, é o sentimento negativo residual em relação a instituições como o FMI, que impulsionou medidas de austeridade por vezes responsabilizadas na região pelo agravamento das dificuldades econômicas causadas pela crise financeira asiática no final da década de 1990.
"Há cada vez menos espaço de manobra para países menores. Ao aderirem a organizações como o BRICS, os países estão sinalizando que querem ser amigáveis com todas as partes, não apenas com os EUA e os seus aliados", acrescentou Ong Keng Yong, antigo secretário-geral da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), citado pela mídia.