"O senador Mourão defende aqueles que atacaram as sedes dos três Poderes, descontentes, raivosos com o resultado da eleição. É uma sinalização à sociedade de que quando meu adversário ganha nas urnas, é lícito, é legítimo que eu vá para o confronto, para a violência ou para a depredação, que foi o que aconteceu no dia 8 de janeiro", opinou ele. "Então qualquer ação no campo do populismo, do autoritarismo, que busque deslegitimar as eleições, o sistema eleitoral e, pior, o não reconhecimento de que seu adversário foi vitorioso, é muito ruim. Quem hoje está fazendo isso pode sofrer do mesmo jeito pelo grupo adversário no futuro", acrescentou.
"O Bolsonaro tem confrontado as instituições, de certa maneira, o Milei, que se apresenta como outsider, também confronta as instituições, e isso permite uma similaridade entre os dois e […] essa militância de alguns valores que são compartilhados e são comuns nessas visões de mundo."
"O ganho é no campo ideológico e retórico, e se perder, perde no campo concreto, real, da economia ou de relações artísticas, científicas, comerciais e diplomáticas com o Brasil", ponderou.
"A Argentina esteve à beira de entrar em uma crise energética, e o Brasil forneceu, vendeu gás natural à Argentina por meio da Petrobras, evitando que a Argentina entrasse em um colapso energético. Então me parece que não seria interessante para o Brasil, e muito menos para a Argentina, ter um choque diplomático neste momento, tendo em vista essa relação entre os dois países", disse o especialista também em declarações ao Mundioka.
"Há também a participação de ONGs e da Agência da ONU para Refugiados [ACNUR], que apesar de não ter poder de voto, tem poder de voz. É uma comissão heterogênea e tem o histórico de tomar decisões técnicas", explicou ele.
"Inclusive por grande parte dessas pessoas compartilharem vídeos nas redes sociais, […] não me parece que nenhum ou quase nenhum desses foragidos teria direito a esse asilo do ponto de vista técnico."
"No caso do Milei, por exemplo, até agora não apresentou grandes resultados do ponto de vista econômico, a pobreza vem aumentando, a inflação, apesar de ter desacelerado, continua ainda em um nível muito alto e a vida do cidadão mais pobre na Argentina ainda é muito complicada", analisou ele.