De acordo com o Financial Times (FT), o fundador do Wikileaks, Julian Assange, chegou a um acordo judicial com os procuradores dos EUA que poria fim à sua longa via crucis após anos de encarceramento e confinamento. Assange, responsável por um dos maiores vazamentos de conteúdo classificado da história dos EUA, já foi liberado de Belmarsh, uma prisão de segurança máxima em Londres, na segunda-feira (24), e já saiu do Reino Unido após pagar fiança, afirmou o WikiLeaks em postagem no X (anteriormente Twitter).
Segundo documentos judiciais apresentados na segunda-feira, Assange concordou com o Departamento de Justiça dos EUA em se confessar culpado de uma acusação de conspiração para obter e divulgar informações confidenciais ligadas à defesa nacional dos EUA.
Amanhã (26), a defesa de Assange — que já cumpriu 62 meses em uma prisão no Reino Unido — deve apresentar seu apelo no tribunal federal de Saipan, que faz parte das Ilhas Marianas do Norte, uma comunidade dos EUA ao norte de Guam. A sentença está prevista para acontecer imediatamente após a apresentação da confissão.
O tribunal de Saipan foi escolhido porque Assange se recusou a levar a cabo processos no território continental dos EUA. Também fica mais perto de seu país natal, a Austrália, para onde ele deverá ir após a conclusão do processo, de acordo com uma carta dos promotores ao tribunal.
Ainda segundo a apuração, o acordo visa resolver o que tem sido um impasse notável entre o Departamento de Justiça norte-americano e Assange, o controverso defensor da transparência governamental que tem sido um dos seus réus mais notórios e polêmicos e cujos problemas jurídicos abrangem vários países.
O australiano, de 52 anos, tem lutado contra os esforços para trazê-lo para os EUA para enfrentar as acusações, argumentando que pode enfrentar uma pena de prisão perpétua se for condenado e, em maio, o Supremo Tribunal de Londres acabou lhe dando permissão para recorrer de uma ordem que permitia a sua extradição.
Em paralelo, o governo trabalhista australiano, eleito em 2022, tem feito lobby privado em Washington para encontrar uma solução para o caso. O primeiro-ministro Anthony Albanese disse ao parlamento do país que a liberação de Assange foi "um desenvolvimento bem-vindo", mas que os procedimentos "são cruciais e delicados".
"Independentemente da opinião que as pessoas tenham sobre as atividades do sr. Assange, o caso se arrastou durante tempo demais", disse Albanese.