É o que afirma Larry Johnson, oficial de inteligência reformado da CIA e funcionário do Departamento de Estado dos EUA.
"O momento em que isso ocorreu, pelo fato de ter sido três ou quatro semanas após o Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, no qual o presidente boliviano Arce teve destaque no evento principal com o presidente [Vladimir] Putin, [é importante]", observa Johnson, referindo-se a tentativa de golpe de Estado.
"Então, pode ser que esta tenha sido uma tentativa de criar, novamente, algum constrangimento adicional, destronando uma pessoa que estava tão intimamente associada ao presidente Putin", complementa Larry.
Segundo o ex-oficial da CIA, o fato de países como Bolívia e Brasil serem vistos criando alianças com a Rússia e a China é "rejeitado por Washington, e acaba que isso é visto como um problema [às nações contrárias]", acrescenta, observando que "a relação dos Estados Unidos com os militares bolivianos é antiga".
Tentativa de golpe foi condenada em todo o mundo
Líderes de toda a América Latina, além de União Europeia, Ásia e Estados Unidos, condenaram a tentativa de golpe na Bolívia e expressaram apoio ao presidente Arce. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em pronunciamento, convocou o povo boliviano a defender sua democracia e Constituição e o presidente. "É importante defender a paz e a estabilidade. A Bolívia conta com o apoio de toda a América Latina. O golpe deve acabar", afirmou.
Em comunicado separado, o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, descreveu as imagens vindas da Bolívia como "indignantes".
Líderes de Paraguai, Uruguai, Peru, Chile, México, Colômbia, Honduras e também Espanha emitiram declarações públicas rejeitando a tentativa de golpe e expressando apoio a Arce.
O governo do Brasil, em declaração do Ministério das Relações Exteriores, também fez a condenação e manifestou apoio e solidariedade a Arce e ao povo boliviano.
Josep Borrell, chefe da política externa da União Europeia, condenou qualquer tentativa de minar a ordem constitucional na Bolívia e de derrubar governos democraticamente eleitos, expressando solidariedade ao governo e ao povo boliviano.
Até mesmo entre a oposição boliviana houve apoio. Luis Fernando Camacho, líder da oposição no Congresso boliviano, afirmou seu respeito pela democracia do país, e a ex-senadora Jeanine Áñez condenou a mobilização militar, apelando à defesa da democracia através do voto em 2025.