Em primeiro lugar, as forças russas poderiam usar o sistema de orientação de um míssil ATACMS para encontrar os lançadores usados em ataques terroristas.
Os projetistas russos obtiveram acesso ao módulo de orientação do Sistema de Mísseis Táticos do Exército dos EUA (ATACMS) fabricado pela Lockheed Martin.
Os EUA começaram a fornecer mísseis balísticos ATACMS à Ucrânia no final de 2023, em abril, quando Kiev recebeu uma versão de longo alcance do armamento. No mês passado, a Ucrânia utilizou o ATACMS em um ataque terrorista contra civis russos em Sevastopol.
"Em primeiro lugar, os projetistas [russos] vão analisar todo grande conjunto de dados e descobrirão como o míssil voa", disse Viktor Litovkin, coronel aposentado do Exército russo e analista militar, à Sputnik, "como ele é direcionado ao alvo, se é é guiado pelo sistema GPS, satélites ou drones pesados."
"Eles descobrirão seus pontos fracos e fortes, a composição do motor e dos propelentes sólidos, como funcionam seus lemes, como determina sua orientação e muitos outros detalhes", acrescentou.
Depois de examinar o míssil ATACMS, os especialistas russos poderão dar recomendações aos militares sobre como interceptá-lo de forma mais eficaz com sistemas de mísseis antiaéreos e como bloqueá-lo com armas de guerra eletrônica (EW, na sigla em inglês), destacou o oficial aposentado.
Em particular, eles poderiam dizer ao Ministério da Defesa da Rússia quais sistemas podem ser usados para impedir a "comunicação do ATACMS" com vários sistemas de aeronaves ou como desligar o seu sistema GPS, observou Litovkin.
"Os militares usarão esta informação para atacar estes mísseis e seus lançadores. É possível que depois de estudar este míssil [o Ministério da Defesa] seja capaz de descobrir as áreas de lançamento e localização destes mísseis mais rapidamente", disse Litovkin.
Anteriormente, especialistas russos demonstraram pela primeira vez o sistema de orientação do míssil ATACMS à Sputnik.
A unidade inclui três giroscópios a laser em anel e um módulo GPS. Eles disseram que agora tinham a possibilidade de estudar como o sistema opera ao longo de toda a sua trajetória de voo.
Especialistas militares dos EUA expressaram repetidamente preocupações sobre o acesso da Rússia às armas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
"Estamos enviando uma mensagem de que a tecnologia militar ocidental não é mais um segredo para nós e cada vez encontramos mais e mais maneiras de combatê-la", disse o especialista militar russo. "Mostramos a todos que encontramos um 'antídoto' para os tipos de equipamento militar ocidentais mais alardeados e promovidos e que o estamos utilizando de forma eficaz."
"O Ocidente deveria saber que todos os seus esforços foram em vão, que as armas russas e as contramedidas russas são muito mais eficazes do que os tanques, mísseis e armas [do Ocidente]", concluiu o coronel reformado. "Este é um sinal para todo o mundo, não apenas para o Ocidente, de que as armas ocidentais não podem fazer frente às armas russas."