Panorama internacional

Atentado contra Trump: 'Acaba de se cristalizar seu retorno à Presidência dos EUA', diz analista

O atentado contra o ex-presidente Donald Trump impactará de forma considerável o futuro político do país a pouco mais de quatro meses da eleição presidencial nos Estados Unidos. Durante comício, neste sábado (13), na Pensilvânia, o republicano foi ferido na orelha por um projétil depois de terem sido reportados disparos.
Sputnik
De acordo com o Serviço Secreto dos EUA, o agressor foi abatido e um apoiador que estava no evento morreu, além de outras duas pessoas ficarem com ferimentos graves. Ainda não há informações sobre o que motivou o atentado.
Os fatos ocorreram antes de o Partido Republicano nomear oficialmente Trump como seu candidato presidencial para disputar com o atual presidente, o democrata Joe Biden. Diante desse cenário, como repercutirá o atentado na vida política dos EUA em face da corrida presidencial?
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'Uma sociedade decadente'

Carlos Manuel López Alvarado, internacionalista da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), considerou em entrevista à Sputnik que os fatos ocorridos em 13 de julho na Pensilvânia acontecem em meio a uma profunda polarização da vida política norte-americana. O especialista aprofundou que, para entender esse fenômeno, é necessário compreender que "a sociedade e a cultura do país está em decadência".
"Nos Estados Unidos, essa cultura em decadência na qual o que mais importa é o indivíduo e aparece uma pessoa que promete, Donald Trump, o respeito a todos os interesses dos indivíduos e fomenta o individualismo como a maneira ideal de fazer política, ou seja, que a política está orientada a criar indivíduos, não sociedades, é que entendemos que os Estados Unidos estão divididos", considerou.
Nesse sentido, o especialista destaca que o Partido Democrata se dedicou a reunir certos grupos sociais e beneficiar algumas maiorias ou minorias sem que, no fundo, exista a intenção de inculcar a noção de um bem social. Assim, ele considera que o partido fomenta um "falso progressismo" que continua incentivando a importância do sujeito individual.
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É preciso esclarecer as motivações

Até o momento, as autoridades não informaram sobre a natureza do ataque. Além disso, são desconhecidos os antecedentes do agressor abatido, bem como suas afiliações políticas. De acordo com informações fornecidas pela rede CNN, o FBI já identificou o autor do tiroteio, que seria um homem de 20 anos da Pensilvânia.
Após o atentado contra Trump, o presidente Joe Biden condenou os fatos em uma breve coletiva de imprensa e assegurou que "não há lugar para esse tipo de violência nos Estados Unidos. É doentio. Não podemos ser assim, não podemos tolerar isso".
Ao final da coletiva, um repórter o questionou sobre se achava que foi um atentado contra seu rival: "Tenho uma opinião, mas não tenho todos os fatos, então quero me certificar de ter todas as informações antes de fazer mais comentários".
O analista López Alvarado apontou que a administração Biden tem o dever de esclarecer os fatos.
"A realidade é que o que deveriam fazer, ou o que qualquer governo com um amplo senso de responsabilidade ética, cidadã, até mesmo social, [deveria fazer] é esclarecer as motivações e a afiliação do atirador", comentou.
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Reeleição de Biden em perigo

Diante desse cenário, o analista aponta que o ocorrido mina a possibilidade de reeleição de Joe Biden.

"A realidade é que hoje se acaba de cristalizar o retorno à presidência de Donald Trump. Então será preciso ver como reage o Partido Democrata, mas coloquem quem colocarem, a realidade é que Donald Trump, a menos que seja preso, vai chegar à Presidência dos Estados Unidos", considerou o especialista.

De acordo com diversas pesquisas realizadas antes do atentado, Biden e Trump se mantinham em tendências semelhantes de intenção de voto. Diante desse cenário, López Alvarado apontou que a única forma de evitar o retorno de Trump à Casa Branca seria se algum dos processos judiciais contra ele avançasse. Nos últimos meses, diversas questões surgiram em torno da idoneidade de Biden para buscar sua permanência na Casa Branca, principalmente pela deterioração de sua lucidez. O presidente, de 81 anos, é o mais longevo a ocupar a Presidência dos EUA.
Esses questionamentos se aprofundaram após o desastroso desempenho que o presidente Biden teve no primeiro debate com Trump. Depois do encontro, vários membros e legisladores do Partido Democrata fizeram um chamado para que ele não aceite a nomeação como candidato a reeleição.
Os relatos da imprensa norte-americana indicam que há incerteza e descontentamento dentro do partido pelas dúvidas que a candidatura de Biden gera. No entanto, de acordo com o especialista López Alvarado, após o atentado, uma mudança de candidatura teria pouco impacto no eleitorado.
"Essa situação do atirador da Pensilvânia deveria fazer Joe Biden considerar seriamente se retirar, mas sejamos francos, não há ninguém a essa altura do ano que possa competir contra Donald Trump e todo seu aparato de marketing político", concluiu.
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