Apesar das manifestações e dos confrontos com policiais que fazem uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha, um interesseiro conhecido — os Estados Unidos — tem demonstrado "afetos" pelo Quênia.
A nação considerada a maior potência do mundo — com seus dias de poderio contados com a
insurgência de um mundo multipolar — sinalizou que o Quênia é um país aliado não OTAN. Mas o que isso quer dizer?
A sinalização dos EUA de aproximação amigável do Quênia, declarado um país aliado não membro da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), traz à tona o que guia o interesse do país norte-americano. Segundo Franco Alencastro, professor de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), "
como aliados preferenciais da OTAN, isso permite o acesso do Quênia à compra preferencial de material militar".
De acordo com Alencastro, o Quênia pode ser visto como um aliado tradicional dos EUA, sobretudo a partir do final da Guerra Fria. E essa ligação foi fortalecida durante alguns dos governos dos EUA no século XXI.
"[Como o de] Barack Obama, cujo pai era justamente de origem queniana. O Obama visitou o Quênia em 2015, foi aclamado pela população."
Outro fator, segundo ele, foi a Guerra ao Terror, do ex-presidente George Bush (2001–2009), precedida, antes do 11 de Setembro, por um ataque da Al-Qaeda (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) à Embaixada dos EUA em Nairóbi, em 1998.
"[Isso] Fez com que o Quênia fosse observado com muito interesse pelos Estados Unidos durante o governo Bush, durante a Guerra ao Terror, e fosse considerado um parceiro nessa atuação."
O professor explica que o Quênia — assim como muitos outros países da África — é principalmente um exportador de bens primários, vendendo produtos como chá, flores e petróleo, mas que tem apresentado uma economia estável.
Essa estabilidade, segundo o pesquisador, "faz com que a economia do Quênia tenha crescido bastante nos últimos anos", com uma média de 5% na última década. Mas com um porém, um aumento do endividamento, "que foi justamente para impulsionar a economia com grandes obras, investimento em infraestrutura, e que neste momento vem cobrando as consequências, porque o governo tem tido dificuldade de equilibrar o orçamento".
Sobre a decisão do presidente do Quênia de dissolver quase todo o governo, à exceção do ministro das Relações Exteriores e do vice-presidente, Alencastro aponta que é uma decisão que corrige rumos.