Ciência e sociedade

Estudo descobre 'oxigênio escuro' produzido por metais que pode reformular origem da vida na Terra

Cientistas encontraram evidências de que metais achados naturalmente no fundo do oceano Pacífico podem produzir oxigênio, apontando para um potencial "fator de mudança" que, segundo eles, pode transformar nossa compreensão sobre as origens da vida na Terra.
Sputnik
No estudo publicado na segunda-feira (24) no jornal Nature Geoscience, pesquisadores descobriram que, por meio de um processo recém-descoberto, massas feitas de minerais como manganês e ferro, frequentemente usados ​​para fazer baterias, podem produzir oxigênio mesmo na escuridão total.
Organismos fotossintéticos, como plantas, plâncton e algas, usam a luz solar para produzir oxigênio que circula nas profundezas do oceano, mas estudos anteriores conduzidos no fundo do mar mostraram que o oxigênio é apenas consumido, e não produzido, pelos organismos que vivem lá.
Agora, a pesquisa está desafiando essa suposição de longa data, descobrindo que o oxigênio é produzido sem fotossíntese.
Quando Andrew Sweetman, o principal autor do estudo, registrou pela primeira vez leituras incomuns de oxigênio vindas do fundo do oceano Pacífico em 2013, ele pensou que seu equipamento estava com defeito.

"Eu basicamente disse aos meus alunos: 'Apenas coloquem os sensores de volta na caixa. Nós os enviaremos de volta ao fabricante e os testaremos porque eles estão apenas nos dando uma baboseira'. E toda vez que o fabricante voltava: 'Eles estão funcionando. Eles estão calibrados'", disse à CNN Sweetman, chefe do grupo de pesquisa de ecologia do fundo do mar e biogeoquímica da Scottish Association for Marine Science.

Em 2021 e 2022, Sweetman e sua equipe retornaram à zona Clarion-Clipperton, uma área sob o Pacífico central conhecida por ter grandes quantidades de nódulos polimetálicos.
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Confiantes de que seus sensores funcionavam, eles baixaram um dispositivo a mais de 13.000 pés abaixo da superfície que colocou pequenas caixas no sedimento. As caixas permaneceram no local por 47 horas, conduzindo experimentos e medindo os níveis de oxigênio consumidos pelos microrganismos que vivem lá.
Em vez de os níveis de oxigênio diminuírem, eles aumentaram — sugerindo que mais oxigênio estava sendo produzido do que consumido.
As descobertas podem ter implicações para a indústria de mineração em alto mar, cujos participantes têm buscado permissão para explorar as profundezas do oceano e recuperar minerais como aqueles que compõem nódulos polimetálicos. Esses minerais são vistos como cruciais para a transição para a energia verde.
Metais como cobalto, níquel, cobre, lítio e manganês contidos nos nódulos são muito procurados para uso em painéis solares, baterias de carros elétricos e outras tecnologias verdes.
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No entanto, os críticos dizem que a mineração em alto mar pode danificar irrevogavelmente o ambiente subaquático imaculado.
Ao mesmo tempo, descobrir que há outra fonte de oxigênio no planeta além da fotossíntese também tem implicações de longo alcance que podem ajudar a desvendar as origens da vida.
"Pensávamos que a vida começou na Terra quando a fotossíntese começou, pois o oxigênio foi trazido para a Terra por meio da fotossíntese. Pode ser que, na verdade, esse processo de divisão eletroquímica da água em oxigênio e hidrogênio tenha fornecido oxigênio ao oceano. Isso pode ser uma espécie de virada de jogo na história de como a vida começou", afirmou Tobias Hahn, um dos coautores do estudo.
A descoberta de que nódulos abissais, ou de águas profundas, estão produzindo oxigênio é uma descoberta surpreendente e inesperada e demonstra o valor de expedições marítimas a essas áreas remotas.
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