O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o secretário de Defesa, Lloyd Austin, chegaram a Manila nesta terça-feira (30) para discutir a segurança regional com seus colegas filipinos — o secretário de Relações Exteriores das Filipinas, Enrique Manalo, e o secretário de Defesa Nacional, Gilberto Teodoro — no Diálogo Ministerial anual 2+2 em Camp Aguinaldo e anunciar US$ 500 bilhões (cerca de R$ 2,8 bilhões) em ajuda militar, apesar dos alertas da China que tais intervenções somente escalam as tensões regionais.
De acordo com analistas que falaram ao South China Morning Post (SCMP), a visita de alto nível e o financiamento militar maciço ressaltaram a importância estratégica das Filipinas para os interesses econômicos e de segurança de Washington na região.
Ainda de acordo com a apuração, as autoridades norte-americanas disseram que, do financiamento, cerca de US$ 125 milhões (aproximadamente R$ 703,9 milhões) seriam alocados para a construção e melhoria das bases militares filipinas nas quais Manila permitiu que tropas dos EUA fossem estacionadas sob o Acordo de Cooperação de Defesa Aprimorada dos dois países.
Apesar da demonstração de comprometimento de Washington com Manila, analistas citados pela mídia consideram que o movimento tem o potencial de aumentar ainda mais as tensões com Pequim no mar do Sul da China.
Manila e Pequim têm travado uma disputa territorial cada vez mais contenciosa no mar do Sul da China há vários meses, com a última escaramuça em 17 de junho entre a Marinha filipina e a Guarda Costeira chinesa ocorrendo no disputado Second Thomas Shoal.
Recentemente (21), as Filipinas e a China haviam chegado a um "acordo provisório" para reabastecer posto militar no disputado recife Second Thomas Shoal. O recife se encontra dentro da zona econômica exclusiva das Filipinas, o que lhes dá direitos exclusivos para a sua utilização ao abrigo da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. Pequim, no entanto, insiste que tem soberania sobre o território, juntamente com a reivindicação da China sobre quase todo o mar do Sul da China, mas uma decisão arbitral de 2016 rejeitou essa reivindicação.
O problema agora é que o aceno dos EUA levanta preocupações de que um conflito aberto entre a China e os EUA possa ser conflagrado uma vez que o Tratado de Defesa Mútua entre Washington e Manila se aplica ao recife disputado.
A visita de Blinken e Austin a Manila faz parte de uma viagem de 11 dias à Ásia, com outras paradas no itinerário, incluindo Japão, Cingapura e Vietnã — todos os países que aumentaram os laços de segurança com as Filipinas nos últimos meses.
Alguns analistas especularam que os EUA têm orquestrado alguns desses arranjos de segurança nos bastidores para criar uma coalizão, centrada nas Filipinas, que pode conter a influência da China na região, segundo o SCMP.