Os pacotes de sanções da União Europeia (UE) contra a Rússia saíram pela culatra, tornando-se "um dos maiores desastres econômicos da história europeia moderna", destacou o analista Scott Ritter.
"Essas sanções, que são projetadas para punir a Rússia, falharam em fazê-lo. Na verdade, elas voltaram como bumerangue para a Europa. E a Europa continua avançando, colocando mais sanções em mais sanções, enquanto a Rússia fica mais forte economicamente", observou.
Ritter apelidou a UE de "braço econômico de um bando de organizações e instituições, que incluem a Organização do Tratado do Atlântico Norte [OTAN], todas servindo fundamentalmente a mando dos Estados Unidos".
"Então as sanções que foram implementadas pela UE foram feitas porque os Estados Unidos queriam que a Rússia fosse isolada" e "confrontada pela Ucrânia que estava funcionando como um representante de fato da OTAN", argumentou o ex-oficial de inteligência.
Ritter insistiu que a América do Norte está usando as sanções "para atingir um objetivo estratégico maior, não apenas enfraquecendo a Rússia, mas também enfraquecendo a Europa, para que os Estados Unidos saiam deste conflito [Ucrânia] mais fortes".
"Há décadas, o objetivo dos Estados Unidos é livrar a Europa de seu vício em energia russa barata. Então as sanções e a reação negativa estão alcançando esse resultado. Talvez a Europa não perceba isso, ou não tenha acordado para a realidade de que os Estados Unidos não são seus amigos", concluiu Ritter.
O ex-inspetor de armas da ONU foi ecoado por Gunnar Beck, membro cessante do Parlamento Europeu pelo partido Alternativa para a Alemanha, advogado e acadêmico especializado em direito da UE, que disse à Sputnik que é seguro afirmar que a UE atirou no próprio pé ao decidir impor sanções à Rússia.
"Não há dúvida de que o impacto econômico [das sanções] é sentido em uma extensão muito maior aqui na própria UE em comparação à Rússia. Quero dizer, a economia russa, de acordo com os dados oficiais, está indo muito bem e parece ter se adaptado às sanções", Beck destacou.
As sanções da UE às matérias-primas russas, incluindo petróleo e gás, "prejudicaram principalmente as economias europeias", que "costumavam contar com importações de gás e petróleo previsíveis, de alta qualidade e baratas da Rússia", de acordo com o especialista.
Essas economias, ele continuou, "ainda não podem ficar sem importar petróleo e gás da Rússia, mas agora estão fazendo isso por meio de países terceiros a preços muito mais altos", enquanto a Rússia continua vendendo seu petróleo e gás.
"Então, a UE basicamente se prejudicou com essas sanções, ou melhor, para ser mais preciso, o bloco prejudicou enormemente a indústria europeia e os consumidores europeus. Mas [as medidas restritivas] não parecem ter tido muito impacto na economia russa", enfatizou Beck.
As sanções "não tiveram o impacto que a UE esperava que tivessem", o que era previsível, segundo o especialista.
"A UE provavelmente subestimou o grau em que o governo russo havia se preparado para a eventualidade de sanções, incluindo restrições de longo alcance às importações de energia para a UE, bem como transações financeiras. Nesta ocasião, acho que as sanções se mostraram ineficazes e falharam no que diz respeito à Rússia", resumiu Beck.