Panorama internacional

Trump facilitou colapso do controle de armas entre EUA e Rússia ao revogar tratado nuclear

O então presidente Donald Trump cometeu um "erro estúpido" ao acabar com o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês). Isso por conta das consequências da fatídica decisão, como o colapso das políticas de controle de armas estratégicas entre os Estados Unidos e a Rússia, disseram analistas à Sputnik.
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O tratado INF, assinado entre a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e os EUA em 1987, proibia os países de desenvolver e possuir mísseis balísticos e de cruzeiro lançados do solo com alcances de 500 a 5.500 quilômetros. Em 2019, Trump retirou os EUA do tratado e, em resposta à decisão dos EUA, a Rússia suspendeu sua participação no acordo da era da Guerra Fria, processo que completa cinco anos na próxima sexta-feira (2).

"As consequências foram que as políticas de controle de armas estratégicas entre Rússia e EUA foram amplamente abandonadas e ambos os lados desenvolveram mísseis de alcance intermediário capazes de portar armas nucleares, o que aumenta a probabilidade de que sejam usados em um potencial conflito em escalada, como na Ucrânia", disse à Sputnik Philip Giraldi, ex-analista da CIA, fundador e presidente do Conselho para o Interesse Nacional.

Houve grandes diferenças de opinião na administração Trump sobre a manutenção do tratado, apesar das alegações de ambas as partes de que havia "trapaça", lembrou Giraldi. "Os neoconservadores previsivelmente ganharam a discussão", disse ele.
Na década de 1980, apesar de governos belicistas em Londres e Bonn, o sentimento popular em toda a Europa, especialmente na Alemanha, favorecia fortemente a criação do tratado, enfatizou Giraldi.

"Curiosamente, eu estava na estação da CIA em Hamburgo de 1982 a 1985 quando toda a questão dos mísseis de alcance intermediário, que teoricamente permitiam um ataque devastador nuclear sem aviso, estava sendo debatida", disse.

"Houve grandes manifestações em todas as cidades alemãs contra o desdobramento e a favor de um acordo", relatou Giraldi, que acrescentou que o "Consulado Geral dos EUA estava localizado perto do lago central de Hamburgo, o Alster, e milhares de manifestantes se reuniam ao longo da margem do lago e invadiam a frente do edifício atravessando a estrada de acesso que rodeava o lago".
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Trump queria mostrar que era 'duro' com a Rússia

Edward Lozansky, presidente da American University em Moscou e ex-físico nuclear soviético, observou à Sputnik que Trump atendeu aos seus dois conselheiros mais influentes na época, o chefe da CIA e então secretário de Estado, Mike Pompeo, e o então conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, ambos determinados a acabar com o tratado.

"É preciso olhar para os dois conselheiros críticos de política externa e segurança de Trump na época, Pompeo e Bolton. Trump nomeou-os toscamente para provar que é duro com a Rússia. Cometeu muitos outros erros estúpidos pela mesma razão", declarou.

Além disso, Trump era um "novato político que milagrosamente venceu em 2016 e se viu em um oceano de tubarões", acrescentou o especialista.
Os eventos recentes mostram que "o Estado profundo aprendeu as lições de 2016" e que as chances de Trump repetir o milagre daquele ano estão rapidamente diminuindo, pelo menos por enquanto, segundo Lozansky.
"Quase cada um dos próximos 100 dias até as eleições de 5 de novembro pode trazer eventos inesperados, nem todos eles brilhantes para a América e a humanidade", concluiu o especialista.
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