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Mísseis dos EUA na Alemanha são uma ameaça para toda a Europa, diz especialista

© Sputnik / Vitaly NevarExercícios envolvendo lançamentos eletrônicos dos sistemas de mísseis tático-operacionais Iskander-M, da Rússia
Exercícios envolvendo lançamentos eletrônicos dos sistemas de mísseis tático-operacionais Iskander-M, da Rússia - Sputnik Brasil, 1920, 01.08.2024
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A implantação de mísseis de longo alcance pelos Estados Unidos na Alemanha traz enormes riscos tanto para o próprio país como para toda a Europa, declarou à Sputnik o professor da Academia Diplomática do Ministério das Relações Exteriores da Rússia Vladimir Vinokurov.
Os EUA anunciaram recentemente que vão implantar os materiais militares na Alemanha a partir de 2026, o que vai viabilizar meios de ataque de longo alcance considerados superiores aos que existem atualmente na Europa.
Enquanto isso, na próxima sexta-feira (2) completam-se cinco anos do término do Tratado sobre Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês), estabelecido entre os EUA e a Rússia.

"O acordo sobre mísseis, em vez de proporcionar segurança prometida, esconde novos riscos, tanto para a Alemanha quanto para o restante da Europa. Assim, a Europa e, em primeiro lugar, a Alemanha, mais uma vez se torna alvo potencial de um ataque de mísseis russos", disse Vinokurov.

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Putin já alertou sobre implantação dos mísseis

Diante da decisão, o especialista lembrou da declaração do presidente russo, Vladimir Putin, quando este afirmou que Moscou deixaria de observar uma moratória unilateral sobre o desdobramento de sistemas de ataque de curto e médio alcance se os mísseis de longo alcance dos EUA aparecessem na Alemanha.

"Espera-se que os primeiros mísseis terrestres russos com alcance de 500–5.000 quilômetros possam aparecer até 2024. Em primeiro lugar, estamos falando de mísseis de cruzeiro Kalibr adaptados para lançadores terrestres, e, um pouco mais tarde, dos Iskander de longo alcance", disse Vinokurov.

Além disso, o professor russo mencionou a declaração do vice-ministro das Relações Exteriores Sergei Ryabkov de que, em resposta à implantação dos equipamentos, a Rússia não descarta a possibilidade de fazer frente a esses sistemas por meio nuclear.
"Talvez não devamos esperar até 2026, quando o inimigo armará a Alemanha e obterá vantagem? Precisamos responder de forma assimétrica: se não for possível colocar mísseis mais próximos ao Capitólio, então os EUA e seus vassalos devem estar cientes de sua vulnerabilidade. Com a alta densidade populacional de suas regiões, as consequências de nossas ações podem ser muito, muito graves", afirmou o especialista.

Implantação de mísseis no passado

Vinokurov lembrou sobre a decisão dos EUA de transferir mísseis de alcance curto e médio para a Europa tomada em 1985. Na época, os mísseis foram implantados perto das fronteiras da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Isso envolvia a implantação de três divisões de mísseis com 108 lançadores Pershing II e 464 mísseis de cruzeiro BGM-109G nas proximidades imediatas das fronteiras da União Soviética. Os primeiros foram implantados na Alemanha Ocidental, e os segundos foram distribuídos por toda a Europa, como Reino Unido, Itália, Países Baixos e Bélgica. O tempo de voo desses mísseis era calculado em minutos, o que, segundo o Pentágono, deveria destruir o escudo nuclear da URSS com um ataque que deixasse as Forças de Mísseis Estratégicos Soviéticos incapazes de responder.
"Em resposta, com a ajuda do complexo móvel terrestre com o míssil balístico de médio alcance RSD-10 'Pioneer' (classificado pela OTAN como SS-20), Moscou mirou praticamente todo o Velho Mundo, implantando mísseis nos países da Europa Oriental", disse Vinokurov.
Segundo o professor, a medida era perigosa para ambos os lados, e como resultado de longas e exaustivas negociações diplomáticas, a URSS e os EUA concordaram pela primeira vez na história em eliminar completamente uma classe inteira de armamentos.
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Na época, foram cortados todos os complexos de mísseis balísticos e de cruzeiro baseados em terra de alcance curto (500–1.000 quilômetros) e médio (1.000–5.500 quilômetros), e se proibiu produzir, testar ou implantar esses mísseis no futuro. O tratado foi assinado por Mikhail Gorbachev e Ronald Reagan em 8 de dezembro de 1987 e ficou conhecido como o INF, encerrado durante a gestão Donald Trump.
Como observou Vinokurov, a assinatura do tratado foi uma clara vitória para os Estados Unidos, pois, no final, conseguiram destruir duas vezes e meia mais mísseis soviéticos do que norte-americanos, incluindo os altamente tecnológicos complexos 'Pioneer'.

"Aproveitando-se da 'generosidade' de Gorbachev, os norte-americanos também conseguiram que a URSS destruísse os mísseis 'Oka' — complexos tático-operacionais que não estavam sujeitos aos requisitos do tratado, pois seu alcance era de apenas 300–500 quilômetros, dependendo da modificação", disse o professor.

Segundo o especialista, essa história se repete. O sucesso anterior dos norte-americanos obviamente inspira Washington até hoje: em 2026, os EUA "iniciarão o desdobramento episódico de sistemas de ataque de longo alcance do grupo operacional multidomínio (MDTF) na Alemanha". Isso inclui Tomahawks, SM-6 e "armas hipersônicas em desenvolvimento de alcance significativamente maior", capazes de atingir objetos estratégicos nos Urais.

"Só que a Rússia, ao contrário da URSS, está pronta hoje para uma resposta, e ainda por cima antecipada", disse Vinokurov.

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