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EUA buscam novos mercados ao reinstalar armas nucleares na Europa, diz veterana

A planejada reimplantação de armas nucleares dos Estados Unidos na Europa tem como objetivo garantir a submissão europeia às demandas de Washington e incentivar o financiamento para as indústrias de mísseis norte-americanas, disse à Sputnik a antiga analista do Departamento de Defesa norte-americano Karen Kwiatkowski.
Sputnik

"A OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] se fundiu intelectualmente e militarmente com o sistema de aquisição de defesa e militar dos EUA," afirmou Kwiatkowski, que também é tenente-coronel aposentada da Força Aérea dos EUA.

Os Estados Unidos vão implantar mísseis na Alemanha, 37 anos depois de Washington ter concordado em retirá-los de acordo com o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês) de 1987, que o ex-presidente Donald Trump se recusou a prorrogar em 2019.
Kwiatkowski observou que a liderança e as populações dos países-membros da OTAN "historicamente se ressentem" do domínio dos EUA.
Para lidar com isso e garantir conformidade e subordinação, os Estados Unidos criaram uma abordagem superficial em equipe com a aliança, construindo-a como "independente" enquanto, na realidade, integra ainda mais profundamente a liderança até mesmo na política e economia nacional dos Estados-membros europeus, acrescentou a especialista.
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"Em resumo, vemos uma militarização da política na Europa pelos EUA, usando a política energética, política doméstica e operações de inteligência para garantir que os governos europeus permaneçam subordinados às demandas dos EUA," afirmou.

Para a especialista, ao invés de tratados EUA-Rússia que poderiam limitar a preparação para a guerra, as nações ocidentais foram levadas a expandir a OTAN, incluindo uma tentativa de integrar a antiga signatária do INF, a Ucrânia, na aliança.

"Após dois alargamentos pós-Guerra Fria em 1999 e 2004, as adesões de seis novos países-membros desde 2009 criaram uma fronteira maior entre a Rússia e os EUA/OTAN" disse Kwiatkowski.

Essas adesões também criaram o maior "clube de compradores" de materiais e energia dos EUA, e aumentaram o risco de uma guerra centrada na Europa, ao invés de recorrer à diplomacia para discussão bilateral ou multilateral, acrescentou ela.
"Isto foi recentemente demonstrado pela reação uniforme e histericamente pró-guerra da OTAN e da UE às conversas do líder húngaro Viktor Orban com a liderança russa sobre questões e políticas regionais," disse Kwiatkowski.
Diante disso, nos cinco anos desde que o tratado foi deixado de lado pelos EUA, a paz e a diplomacia não só foram proibidas, como se tornaram institucionalmente impossíveis na Europa.
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"A militarização desencadeada pelo fim do Tratado INF, entre outras coisas, não está funcionando para beneficiar as economias europeias ou ajudá-las a lidar com seus próprios desafios internos," afirmou Kwiatkowski.
A liderança dos EUA frequentemente fala sobre estabilidade e transparência, mas a realidade é muito diferente, defendeu a ex-analista.
"A falta de um tratado em vigor para limitar a militarização da Europa impulsionada pelos EUA aumentou grandemente a instabilidade, reduziu a transparência, empobreceu e agitou as populações de muitos países-membros da OTAN, incluindo a dos Estados Unidos," disse Kwiatkowski.
De acordo com relatórios da mídia britânica, o Reino Unido se associou à Alemanha para desenvolver e implantar um novo míssil de alcance intermediário, projetado para atingir o arsenal nuclear da Rússia.
O secretário de Defesa do Reino Unido, John Healey, conversou com seu homólogo alemão em Berlim na última quarta-feira (31) sobre o plano para desenvolver conjuntamente um novo míssil estratégico com um alcance de 3,2 mil km.
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