Algumas das ações recentes do premiê israelense Benjamin Netanyahu, como a recusa de um cessar-fogo na Faixa de Gaza e o assassinato de altos funcionários do Hezbollah e do Hamas, apontam para a continuação da guerra como uma arma política, previu na sexta-feira (2) o jornal norte-americano The New York Times (NYT).
"Na ausência de um objetivo claro na guerra, a rebeldia de Netanyahu está dividindo Israel de seus aliados e o próprio país. Isso enfraqueceu ainda mais a confiança em sua liderança. Isso está alimentando as suspeitas de que ele está mantendo o país em guerra para manter o poder", diz o jornal.
"A imagem internacional de Israel continua sofrendo golpes desde outubro – apesar de nove meses de guerra, seus objetivos militares não foram alcançados e sua reputação social e doméstica também foi prejudicada", disse Sanam Vakil, analista do Oriente Médio no think tank britânico Chatham House, ao NYT.
A mídia notou que, para formar um governo e permanecer no poder, Netanyahu deu poder a políticos de extrema direita, profundamente religiosos e a favor de novos assentamentos judaicos, e que se opõem a qualquer tipo de Estado palestino.
"Estamos em um processo muito perigoso que pode lançar uma sombra sobre o DNA básico deste país [...]. O confronto cultural é bom, mas não é tão bom ter políticos messiânicos ou populistas radicais que não apenas se tornam parte do governo, mas ocupam posições cruciais nele", crê Nahum Barnea, um dos principais jornalistas e comentaristas de Israel.
Os políticos de extrema direita, segundo ele, "querem uma verdadeira revolução em nosso regime e em nossos valores".
O veículo de imprensa acrescenta que, embora a grande maioria dos israelenses queira a saída de Netanyahu e de sua coalizão de direita, uma parcela significativa também quer que o Hamas seja derrotado e desmantelado como poder em Gaza, para garantir que o que aconteceu em 7 de outubro de 2023 não se repita.