Segundo o jornal, as autoridades de ambos os lados disseram que, apesar das objeções francesas, há um novo ímpeto para fechar o acordo, que está sendo elaborado há duas décadas.
"A UE e o grupo Mercosul, formado por cinco países sul-americanos, pretendem concluir as negociações antes do final do ano para um acordo comercial há muito adiado, depois de terem feito progressos na resolução de questões contenciosas", indica o artigo.
Um diplomata europeu disse à publicação que o ímpeto para finalizar o acordo foi uma "necessidade geopolítica e econômica".
De acordo com a Comissão Europeia citada pelo Financial Times, o acordo vai criar um mercado de 780 milhões de pessoas e pouparia às empresas da Europa mais de € 4 bilhões (cerca de R$ 25 bilhões) anuais em tarifas.
No mesmo tempo, as empresas da UE têm investimentos de € 330 bilhões (R$ 2.060 bilhões) nos países do Mercosul.
A única séria oposição era do presidente francês Emmanuel Macron, que disse que o acordo causará danos ambientais e sujeitará os agricultores a uma concorrência desleal.
"No entanto, até o momento, a França foi apoiada apenas pela Áustria, o que é insuficiente para bloquear um acordo, que exige a aprovação da maioria dos 27 governos do bloco", afirma o jornal.
As autoridades da UE afirmam que agora estão preparadas para enfrentar a França e insistem que o tratado incluirá compromissos climáticos cujos termos não agradavam a Paris anteriormente.
A maior locomotiva do acordo, escreve o artigo, são a Alemanha e a Espanha que com outros Estados-membros pressionaram muito pelo acordo.
"Os defensores acreditam que ele impulsionará a economia e os laços comerciais entre os dois blocos em um momento de crescente tensão global".
A presidente reeleita da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anteriormente comprometida com a finalização do acordo, deve viajar para o Rio de Janeiro em novembro para a cúpula do Grupo dos 20 (G20).
Indica-se que isso pode dar uma oportunidade para resolver quaisquer questões pendentes com Lula da Silva.
Em particular, o artigo afirma que os membros do Mercosul veem as preocupações europeias com o meio ambiente como uma máscara para intenções protecionistas.
"Brasília ficou irritada com uma carta enviada por Bruxelas no ano passado, que buscava adicionar compromissos vinculativos sobre o clima e o desmatamento", disse o jornal.
Uma preocupação séria do Mercosul foi uma lei separada da UE contra o desmatamento, que deve entrar em vigor no próximo ano, que proibirá a importação de bens como madeira, carne bovina e café produzidos em terras desmatadas, relatou o Financial Times.