Para provar que estão sendo prejudicados, representantes da indústria se espelharam em provas de uma investigação conduzida pelos Estados Unidos contra os artigos chineses, relata a Folha de S.Paulo.
"É um processo que atestou a existência de subsídios do governo chinês e que ajudou a equilibrar forças. Temos uma competição desleal", disse Klaus Curt Müller, presidente da ANIP, ouvido pela mídia.
O relatório também contará com um estudo inédito da consultoria LCA, mostrando que o Brasil se tornou alvo preferencial dos pneus importados.
Segundo o estudo, em 2023, os pneus de carga importados ingressaram no país por um preço médio de US$ 2,90 (R$ 16,27) por quilo, enquanto no mercado internacional foi comercializado por US$ 4,20 (R$ 23,56).
Nos EUA, maior mercado importador do mundo, o preço médio do quilo do pneu importado ficou na casa de US$ 4,40 (R$ 24,69); no México, o valor praticado foi de US$ 4,50 (R$ 25,25); e, na França, US$ 5,30 (R$ 29,74).
O Brasil foi o país que apresentou menor preço médio de pneus importados de carga da lista — 69% mais baratos do que os preços praticados no exterior. No caso dos pneus de passeio, a distorção verificada também é significativa, afirma o levantamento.
"Essa variação absurda mostra principalmente que os países asiáticos estão aproveitando a falta de proteção tarifária no Brasil para exportar para o país produtos a preços desleais no mercado local, afetando negativamente toda a cadeia de produção de pneus no Brasil […]. Mais da metade dos pneus importados da Ásia ingressaram com preços abaixo do custo de produção", disse Müller.
Hoje, o Brasil tem 11 fabricantes de pneus com operações no país. São 21 plantas industriais distribuídas por sete estados. Esse grupo registrou 52 milhões de pneus vendidos em 2023, com investimento de R$ 11 bilhões na última década.