Panorama internacional

Território libertado pela Rússia é quase o dobro do capturado pela Ucrânia, diz mídia britânica

As forças russas fizeram ganhos territoriais rápidos e significativos na Ucrânia, aproveitando a escassez e os erros militares de Kiev, à medida que cresce o apoio do público ucraniano a um fim negociado para o conflito, escreve o Financial Times.
Sputnik
Os avanços da Rússia mais do que reverteram os ganhos duramente conquistados pelo Exército ucraniano no ano passado, escreve a mídia britânica.
De acordo com a pesquisa de Pasi Paroinen do Black Bird Group - um grupo de pesquisa militar de código aberto sediado na Finlândia - a quantidade de território libertado pelas tropas russas desde o início de maio é quase o dobro do que o Exército ucraniano reconquistou a um alto custo com sua contraofensiva no verão europeu há um ano.
"Os russos conseguiram capturar várias posições-chave e características do terreno no mês passado, com a situação se deteriorando constantemente para os ucranianos nessas direções", disse Paroinen.
As forças de Kiev tomaram aproximadamente 321 km² entre 1º de junho e 1º de setembro de 2023, ou uma média de 24 km² por semana, descobriu Paroinen. Mas a ofensiva da Rússia neste ano apagou esses ganhos: entre 3 de maio e 2 de agosto deste ano, os russos libertaram cerca de 592 km², ou mais de 45 km² por semana.
Na semana passada, o Exército russo avançou a 15 quilômetros da cidade-guarnição de Krasnoarmeisk (Pokrovsk, em ucraniano) e dos arredores da vizinha Toretsk, de acordo com analistas militares, revisões de filmagens de combate e entrevistas com soldados ucranianos e altos oficiais. As tropas também libertaram parte da cidade vizinha de Niu Iork e ainda está avançando.
Krasnoarmeisk é um importante centro logístico para o Exército ucraniano que se tornou um eixo para a defesa do resto da região de Donetsk, enquanto Toretsk e Niu Iork têm sido baluartes contra as forças russas desde 2014.
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De acordo com a mídia, os russos estão a apenas 5 quilômetros da rodovia principal T0504, bombardeando-a com artilharia e drones e ameaçando cortá-la.
O jornal ouviu um alto oficial ucraniano, sob condição de anonimato, o qual disse que "nossas defesas estão mostrando rachaduras", acrescentando que as forças russas alcançaram "sucesso tático" em Donetsk e que mais avanços eram prováveis, a menos que a situação se revertesse.
Vladimir Zelensky disse, na semana passada, que o eixo oriental dos combates era o mais difícil para suas tropas, superado em número e poder de fogo, que se estende de forma preocupantemente escassa ao longo da linha de frente de 1.000 quilômetros de extensão, sublinha o jornal.
Analistas e soldados dizem que as tropas russas também se aproveitam da falta de comunicação da Ucrânia e de rotações desajeitadas no campo de batalha, o que permitiu avanços rápidos em vários casos, particularmente nas áreas de Krasnoarmeisk e Toretsk.
A mídia ainda afirma que os recentes avanços russos pegaram as forças ucranianas desprevenidas, após ganhos mais lentos, mas ainda estáveis, durante a primavera. Ao mesmo tempo, melhorias recentes no poder de fogo ucraniano ainda não fizeram diferença no campo de batalha, diz o Financial Times.
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Em abril, o Congresso dos Estados Unidos finalmente aprovou um pacote de ajuda militar de US$ 60 bilhões (R$ 337 bilhões) há muito adiado e, no domingo (4), Zelensky anunciou a chegada dos primeiros caças F-16. Mas especialistas dizem que a mão de obra continua sendo a questão mais urgente.
Pesquisas da semana passada, feitas pelo National Democratic Institute e pelo Kyiv International Institute of Sociology, ambas citadas pela mídia, sugerem que 57% dos ucranianos querem começar negociações com a Rússia para acabar com o conflito.
Franz-Stefan Gady, um membro associado do think tank do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos em Londres, comentou a "predominante falta de mão de obra, principalmente de infantaria" da Ucrânia.
"O que estamos vendo agora é essencialmente os russos tentando explorar essa fraqueza", disse ele, acrescentando que Kiev foi "muito lenta" em mobilizar mais tropas.
Segundo Rob Lee, um membro sênior do programa Eurasia do Foreign Policy Research Institute, outro grande desafio ucraniano tem sido responder à estratégia da Rússia de expandir a linha de frente com combates ao redor de Carcóvia.
Essa ofensiva "esticou as forças da Ucrânia ainda mais e as deixou com menos reservas para responder aos avanços russos em direção a Krasnoarmeisk, Chasov Yar e Toretsk", afirmou o especialista, citado pela mídia.
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Gady complementou que os comandantes ucranianos podem precisar revisitar o conceito de "defesa ativa" que foi empregado no início do ano, mas que desde então foi quebrado.
"É realmente [melhor] defender cada centímetro do território ucraniano, não importa o que aconteça? Ou não seria melhor recuar de certas posições mais expostas?", indagou o analista, acrescentando a dúvida: "A questão principal é quando esta linha de frente [ucraniana] realmente se estabilizará e onde?"
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