Atualmente, os volumes de água descobertos e calculados de forma confiável em Marte estão principalmente na chamada criosfera, a camada próxima à superfície do pergelissolo com dezenas e centenas de metros de espessura.
A maior parte desse gelo está sob a superfície do planeta, pois sob as condições climáticas atuais não pode existir de forma estável e, uma vez na superfície, evapora rapidamente.
Somente nas regiões circumpolares a temperatura é baixa o suficiente para a existência estável de gelo durante todo o ano, ele forma as calotas polares.
O volume total de gelo na superfície e na camada próxima à superfície é estimado em cinco milhões de quilômetros cúbicos, enquanto em camadas mais profundas, provavelmente, podem estar concentradas reservas muito maiores de água salgada subcongelada, até 54-77 milhões de quilômetros cúbicos.
O estudo atual se baseia em dados obtidos graças à espaçonave InSight, o primeiro módulo robótico da história espacial projetado especificamente para estudar a geologia de outro planeta.
A sonda InSight esteve na superfície de Marte de 2018 a 2022 e, durante esse período, coletou dados detalhados sobre a estrutura interna do planeta, seu núcleo líquido, seu campo magnético residual e registrou centenas de terremotos.
"Uma crosta média contendo água líquida tem implicações para o orçamento de água e o ciclo hidrológico marcianos. Supondo que a localização da InSight seja representativa, [...] dez quilômetros de crosta com porosidade de 0,1 a 0,2 se traduzem em 1 a 2 km de água – mais do que os volumes de água propostos para preencher os hipotéticos oceanos marcianos antigos", diz o relatório.
Apesar da presença de uma quantidade substancial de água na crosta de Marte, não será fácil chegar até ela, porque, como escrevem os pesquisadores, a água está localizada a uma profundidade de 11,5 a 20 km abaixo da superfície do planeta.
De acordo com as conclusões dos autores do estudo, seu trabalho pode contribuir para a compreensão da circulação de umidade em Marte, para o estudo da história da água superficial do Planeta Vermelho e para a busca de vestígios de vida nele, além de ajudar a avaliar o uso de recursos para futuras missões marcianas.
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