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'Não temos uma visão de curto prazo': jovens de todo o mundo debatem rumos globais no Y20 (VÍDEO)

A Sputnik Brasil marcou presença na cúpula do Y20, grupo jovem do G20 que visa debater temas como as mudanças climáticas, o futuro do trabalho, a inclusão social e a mudança da governança global. À reportagem, chefes das delegações ressaltaram a importância de incluir a juventude nos debates dos rumos mundiais.
Sputnik
Acontece entre os dias 10 e 17 de agosto, no Rio de Janeiro, a cúpula do Y20, grupo de trabalho do G20 que inclui a juventude nos debates do fórum para o futuro do planeta.
O G20 é atualmente o fórum de discussões mundiais mais importante, substituindo o G7 na esteira da crise econômica de 2008. Dele fazem parte África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia.
Leandro Fontes Corrêa, representante brasileiro do eixo de reforma do sistema de governança global no Y20, destaca que a presença dos jovens nessas conversas é de extrema importância, uma vez que "historicamente, a juventude sempre esteve à frente das inovações sociais".
"E, mais uma vez, a juventude vai estar nesse processo de conseguir pensar um projeto a longo prazo para a sociedade", afirmou.

"Não temos uma visão de curto prazo no modelo de desenvolvimento mundial, justamente porque estaremos aqui para viver as consequências desse modelo de desenvolvimento."

A partir deste ano, a União Africana foi convidada a integrar permanentemente o grupo. Além disso, sob a presidência do Brasil, foram convidados também Angola, Cingapura, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Laos, Nigéria, Noruega, Paraguai, Portugal e Uruguai para participar das discussões.
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Corrêa destaca que este ano de liderança brasileira do G20 coincide com dois outros grandes momentos do G20, que é a troika do Sul Global. No ano passado, o G20 foi realizado na Índia e, em 2025, quem assume o manto é a África do Sul.

"É um momento em que a agenda do Sul Global vai ser mais impulsionada, o que já representa uma reforma do sistema de governança global."

África assume seu papel no G20

O representante brasileiro ressalta a importância não só da ascensão do G20 como principal fórum mundial, mas também da inclusão de membros do Sul Global através dos convites brasileiros.

"Alguns países sempre detiveram mais poder, tanto a nível consultivo quanto a nível de decisão nesses processos. Com a entrada de outros países, sobretudo do Sul Global, poderemos pautar a desigualdade nesses espaços."

É o que afirma também Justino Capapinha, chefe da delegação de Angola e responsável pela temática de reforma do sistema de governança global, que destaca a presença de seu país, da Nigéria e da União Africana nas discussões do G20.
"África é o continente berço da humanidade e, como os outros, merece ter a mesma oportunidade de discussão, de debate e a mesma perspectiva de desenvolvimento", afirmou o representante angolano.
Nesse sentido, aponta Capapinha, esse encontro mundial de jovens traz uma oportunidade única "de discutir com jovens de outros países a nossa visão, a nossa perspectiva para a reforma da governança global".

"É importante que as instituições internacionais, como o Conselho [de Segurança] das Nações Unidas, como a Organização Mundial do Comércio e outras possam sofrer reformas culturais profundas."

Trabalho se 'impõe' para a juventude

Corrêa, o representante brasileiro, alerta em sua fala à Sputnik Brasil que há uma questão que se "impõe" para a juventude hoje: a ameaça ao futuro do planeta causada pelas mudanças climáticas.
Esse problema já se manifesta, inclusive, na saúde das pessoas. A Associação de Psicologia Americana (APA) já define a síndrome de "ecoansiedade" ou "ansiedade climática" como "um medo crônico de sofrer um cataclismo ambiental decorrente de perceber o impacto, aparentemente irrevogável das mudanças climáticas, gerando preocupação associada ao futuro de si mesmo e das gerações futuras".
Essa condição mental, diz a organização, afeta principalmente os jovens e, segundo Corrêa, "impacta diretamente os nossos projetos de vida e as nossas condições de vida".

"Como conseguiremos nos projetar no futuro, pensar nossa existência, se ainda não tem um modelo seguro para essa existência no porvir?"

Dessa forma, a presença dos jovens no fórum global não é só uma questão de representatividade, mas o reflexo de quem de fato vai arriscar a própria pele nas décadas seguintes. "O mundo tem uma população cada vez mais jovem", avisa o representante de Angola, Justino Capapinha.

"Por isso, é importante que os jovens participem deste debate, para podermos projetar o futuro. Só existirá futuro com os jovens."

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