Esta edição do BRICS Solutions Awards será a primeira desde a expansão do bloco. A competição é organizada pela Agência de Iniciativas Estratégicas (ASI, na sigla em russo), juntamente com a Câmara de Comércio e Indústria da Rússia.
Os participantes puderam submeter trabalhos em oito categorias, sendo elas: tecnologias climáticas e ambientais; inteligência artificial e serviços digitais; competências e desenvolvimento de recursos humanos; biotecnologia e saúde; nova indústria e energia; céu, espaço e tecnologias de comunicação; plataformas e soluções de ponta a ponta para o governo e administração pública; tecnologias cognitivas e economia criativa — a última, uma novidade para esta edição.
Segundo a ASI, até o momento foram recebidas mais de 600 candidaturas. A categoria com maior número de inscrições é a de nova indústria e energia.
A Sputnik Brasil conversou com João Vítor Fernandes Dias, graduando em ciência da computação pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), que submeteu seu projeto à categoria de inteligência artificial e serviços digitais.
Dias conta que a ideia enviada ao BRICS Solutions Awards consiste no desenvolvimento de uma inteligência artificial (IA) que possa auxiliar na extração de dados não estruturados encontrados na Internet.
"Minha motivação é conseguir ajudar todos aqueles que buscam por um número considerável de informações de forma estruturada, mas que têm dificuldade de encontrar ou então precisam gastar horas de pesquisa para tal."
Em outras palavras, a inquietação nasce de uma necessidade vivida pelo próprio estudante, ao ver a mãe gastar um tempo considerável em atividades como fazer a comparação de preços de produtos de mercado, farmácia etc., e uma problemática que o envolvia diretamente, quando procurava tabelar as variáveis relacionadas à compra de produtos eletrônicos.
"Como entendo que esse problema não afeta apenas a mim, espero que esse tipo de sistema possa vir a ser positivo a quantas pessoas for possível", ressalta.
Essa não é a primeira vez que Dias participa de um concurso internacional. Ele conta que já participou do WorldSkills Russia 2020, com um professor orientador e uma colega discente. A competição era sobre engenharia de sistemas espaciais. "Ficamos em terceiro lugar!", recorda. Dias participou também do WorldSkills Russia 2024, dessa vez concorrendo em três categorias.
Sobre o BRICS Solutions Awards, ele disse que aguarda o retorno sobre sua submissão. Entretanto, independentemente do resultado, declarou que, a curto prazo, sua intenção é que a iniciativa se torne o projeto da dissertação de mestrado em ciência da computação na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) — curso de pós-graduação para o qual foi aprovado.
"Não descarto também a possibilidade da criação de uma startup que trabalhe para desenvolver esse projeto mais a fundo", acrescentou.
Evento proporciona cooperação tecnológica entre os países
De acordo com a ASI, a proposta do BRICS Solutions Awards é justamente permitir a cooperação tecnológica entre os países do bloco.
Para Evandro Menezes, professor de direito internacional da Universidade Federal Fluminense (UFF) e professor visitante da Universidade de Pequim, o evento não analisa somente projetos de desenvolvimento tecnológico que possam ser interessantes para os níveis de desenvolvimento dos países do BRICS, mas também representa uma oportunidade para ampliar a cooperação nesse setor.
"Esse compartilhamento de visões de cientistas, pesquisadores de países diferentes, e, nesse caso, de nacionais dos países do BRICS, é que vai gerar exatamente uma troca produtiva sobre as iniciativas que interessam esses países em função dos seus estágios de desenvolvimento", diz.
O professor comenta, também, que a iniciativa é voltada para solucionar problemas concretos enfrentados pelos países do bloco — que vão de desafios no combate à pobreza, proteção da saúde, até setores de tecnologia, como relacionados à robótica e IA, e desenvolvimento de projetos comuns no âmbito das mudanças climáticas.
O BRICS Solutions Awards pensa "soluções para os problemas vivenciados pelos países do BRICS que têm estágios de desenvolvimento ou situações vividas pela sociedade que são bem diferentes de sociedades em países desenvolvidos", acrescenta.
De olho no futuro, Menezes defende que os projetos que avançarem sejam desenvolvidos por membros nacionais de, pelo menos, dois países do BRICS.
"Isso gera uma interação, um intercâmbio, uma cooperação que é necessária. […] Quanto mais interações entre os cientistas, pesquisadores dos países do BRICS, melhor. Isso poderia ser um critério importante que soma para o desenvolvimento de um setor fundamental, seja na área de 5G, de inteligência artificial, de computação quântica, biotecnologia, proteção ambiental e tantas outras áreas que os países podem contribuir e trazer um pouco do seu desenvolvimento", finaliza.