Segundo o especialista em política norte-americana Michael Rubin, o governo dos EUA tinha uma compreensão ruim da sociedade afegã e agiu com base em clichês liberais, o que resultou em um grande fracasso de sua política externa na região.
"Estávamos olhando para o Afeganistão através das lentes do idealismo e da ideologia. Estávamos construindo uma democracia lá. Do ponto de vista afegão, eles estavam olhando através das lentes da sobrevivência", explicou ele, referindo-se à invasão dos EUA e à subsequente ocupação de duas décadas do país soberano.
Os EUA se retiraram às pressas do Afeganistão em 2021 de uma maneira que desencadeou memórias do Vietnã, com as mídias sociais transbordando com imagens de um helicóptero pegando pessoal norte-americano do telhado.
O analista acredita que, além das grandes falhas de inteligência sobre as capacidades do Talibã (organização sob sanções da ONU por atividade terrorista), os EUA também falharam diplomaticamente, entendendo muito mal a sociedade local, bem como as intenções dos países vizinhos, que poderiam secretamente simpatizar com o movimento islâmico.
"Eu chamaria isso de uma falha diplomática", diz Rubin.
Ele lamenta que a retirada dos EUA tenha criado um vácuo que está sendo preenchido pela Rússia e outras potências não ocidentais.
Apesar das alegações dos EUA, no entanto, Moscou deixou claro que sua prioridade é a segurança na região. Como é o Talibã que mantém "o poder real" no país, conforme explicou o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, a Rússia está considerando retirá-lo da lista das organizações proibidas e fortalecer os laços com o atual governo em Cabul.