De acordo com a mídia, os negociadores do acordo UE-Mercosul estão se reunindo pessoalmente pela primeira vez em cinco meses em Brasília, enquanto a Comissão Europeia se esforça para finalizá-lo neste ano.
Um grupo de líderes multipartidários, incluindo Olaf Scholz da Alemanha, Ulf Kristersson da Suécia e Luís Montenegro de Portugal, enviaram uma carta à presidente da comissão, Ursula von der Leyen, pedindo que ela feche o acordo.
Dado o contexto de crescentes tensões geopolíticas, é ainda mais essencial desenvolver alianças internacionais robustas, escrevem na carta vista pelo Financial Times, acrescentando que "a nossa credibilidade está em jogo".
Eles alertam sobre a crescente perda de influência da Europa na América e apontam para seus "valores compartilhados" e "laços históricos".
"Sem a conclusão do acordo, outras potências ganhariam uma influência ainda mais forte nos mercados latino-americanos, tanto econômica quanto politicamente. Nos últimos dez anos, as empresas europeias perderam 15% de participação de mercado em média na região."
A conclusão do acordo foi adiada por preocupações da UE com a Amazônia, com governos exigindo um instrumento adicional que reforçasse os critérios de sustentabilidade.
Mesmo enquanto essas preocupações estavam sendo resolvidas, o presidente francês Emmanuel Macron bloqueou o progresso após protestos de grandes agricultores, em parte indignados pelo medo de importações de alimentos mais baratas do Mercosul.
Paris continua se opondo, e o grupo agrícola da UE Copa-Cogeca renovou esta semana seu ataque ao acordo.
Mas enquanto a Irlanda e os Países Baixos têm reservas, apenas a Áustria se juntou à França em oposição direta, e eles podem ser derrotados pela maioria dos 27 governos do bloco.
Von der Leyen disse que quer concluir o acordo. Será um teste inicial para saber se ela está preparada para superar os bloqueios ao crescimento identificados pelo ex-premiê italiano Mario Draghi, que revela seu relatório sobre como a UE pode fechar a crescente lacuna econômica com a China e os EUA na próxima segunda-feira (9).
Atualmente, duas importantes economias europeias se posicionam a favor do pacto comercial: Espanha e Alemanha.
Para Miriam Gomes Saraiva, professora de relações internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), entrevistada pela Sputnik Brasil, "certamente esse acordo segue sendo negociado, não foi interrompido, porque esses dois países estão insistindo muito".
"São os países que de fato têm políticas externas mais próximas para a América Latina, por diferentes formas […]. o que a gente não sabe, claro, é se esses dois países [apoiando] são suficientes [para a aprovação do acordo]. Porque precisam de uma maioria para aprovar, e a maioria da União Europeia não é simples. E, ademais, depois precisa que todos os parlamentos nacionais e europeus aprovem também. Também não adianta assinar o acordo e depois os parlamentos não assinarem. Tem que ir checando a posição de cada um", afirmou Saraiva.