De acordo com a Bloomberg, Andrei Sibiga, que sucedeu a Dmitry Kuleba após uma ampla reforma do gabinete ucraniano na quinta-feira (5), trabalhou no gabinete de Vladimir Zelensky, quando este ainda possuía mandato presidencial válido, sob a chefia de Andrei Yermak, durante os dois primeiros anos da operação militar especial russa na Ucrânia.
Enquanto Kuleba buscava viabilizar a adesão da Ucrânia à OTAN e à União Europeia (UE), Yermak assumiu grande parte do trabalho diplomático. O assessor mais confiável de Zelensky supervisionou as negociações para obter garantias de segurança, manteve o relacionamento crucial com Washington e tentou se aproximar o quanto pôde do chamado Sul Global.
A crescente concentração de poder no gabinete presidencial chefiado por Yermak levantou preocupações entre alguns aliados, que criticaram o que eles dizem ser uma falta de transparência, incluindo mudanças abruptas de pessoal em todo o governo, informou a Bloomberg no mês passado. Em entrevista, Zelensky rejeitou as alegações, enquanto Yermak insistiu que ele era principalmente um coordenador.
Apesar de ter anunciado que uma remodelação do governo estava para acontecer, o líder ucraniano deu poucas explicações, deixando os aliados ocidentais em dúvida sobre o futuro da administração de Kiev.
Alguns observadores internacionais afirmaram que os presidentes não costumam fazer mudanças tão imprevisíveis sem razões que justifiquem tais movimentações.
Segundo a apuração, Andrei Sibiga, 49, provou sua capacidade quando ainda estava no gabinete presidencial e intermediou a negociação junto a Ancara do acordo para levantar o bloqueio do mar Negro e restaurar as cruciais exportações de grãos da Ucrânia. Mas apesar disso, o foco de sua política parece estar em outra coisa.
"A tarefa número um da diplomacia ucraniana — de embaixador a adido — é garantir a capacidade de defesa da Ucrânia", escreveu Sibiga em uma de suas contas nas redes sociais. "Armas, armas, armas."
Além de relações com a Turquia, o novo ministro também tem boas relações com a Polônia, um dos maiores apoiadores da OTAN, mas que ultimamente se tem mostrado complexo, principalmente depois que a decisão de Varsóvia de impor restrições às importações de grãos ucranianos resultou em uma feia briga política na Assembleia Geral das Nações Unidas no ano passado.