Notícias do Brasil

Marco temporal: STF mantém audiências de conciliação, mesmo com saída de representação indígena

O Supremo Tribunal Federal (STF) manteve, nesta segunda-feira (9), os trabalhos da audiência de conciliação que trata do marco temporal para a demarcação de terras indígenas, mesmo sem presença dos representantes da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), principal entidade que atua na defesa dos indígenas.
Sputnik
A entidade decidiu deixar a audiência no mês passado, alegando que não havia paridade no debate. O ministro Gilmar Mendes, relator das ações sobre o marco, foi quem convocou as audiências. Ele declarou que ainda tem esperança de que o grupo retorne à mesa de negociações:
"Nenhum dos integrantes desta comissão especial tem o poder de paralisar as negociações, e os trabalhos prosseguirão com quem estiver à mesa, independente de serem ou não representativos dos direitos dos indígenas ou não indígenas", declarou ele.
Segundo a tese do marco temporal, os povos indígenas teriam direito de habitar apenas as terras que ocupavam ou já disputavam na data de promulgação da Constituição de 1988.
Nesta tarde, a audiência contou com debates jurídicos. Mendes frisou que caso a APIB não indique ninguém para as próximas audiências, a entidade será substituída.
Sem os indígenas, os debates agora contam apenas com representantes do agronegócio, dos governos estaduais, da Fundação Nacional do Povos Indígenas (Funai), do Ministério dos Povos Indígenas e do Congresso.
As ações que tratam do marco legal foram protocoladas pelos partidos PL, PP e Republicanos para manter a validade do projeto de lei que reconheceu o marco de processos que contestam a constitucionalidade da tese e pedem para que a deliberação do Congresso que validou o marco seja suspensa. As reuniões estão previstas para seguir até 18 de dezembro deste ano.
Notícias do Brasil
Representação de indígenas avalia deixar comissão que debate acordo sobre marco temporal no STF

Relembre o processo

Em setembro de 2023, o STF decidiu que a data do marco legal não pode ser usada para definir a ocupação tradicional da terra pelas comunidades indígenas.
Em dezembro passado, antes de a decisão do STF ser publicada, o Congresso Nacional editou a Lei nº 14.701/2023 e restabeleceu o marco temporal. Com base na decisão do STF, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou a lei, mas o Congresso Nacional derrubou o veto.
Desde então foram apresentadas quatro ações questionando a validade da lei e uma pedindo que o STF declare sua constitucionalidade (ADC 87, ADI 7.582, ADI 7.583, ADI 7.586 e ADO 86).
A Funai estima que 764 áreas indígenas já foram regularizadas ou estão em processo de estudo.
Ao todo são 118,3 milhões de hectares, que cobrem 13,9% do território nacional, com a maior parte na região Norte. Desse total, 164 ainda estão em fase de estudos ou próximas de se tornarem uma reserva indígena.
Acompanhe as notícias que a grande mídia não mostra!

Siga a Sputnik Brasil e tenha acesso a cnteúdos exclusivos no nosso canal no Telegram.

Já que a Sputnik está bloqueada em alguns países, por aqui você consegue baixar o nosso aplicativo para celular (somente para Android).

Comentar