Panorama internacional

Debate nos EUA: atacar a China é um 'golpe baixo para ganhar pontos políticos', diz analista

A China teve grande destaque no debate de terça-feira (10) entre o ex-presidente dos EUA Donald Trump e a vice-presidente Kamala Harris, mas o fracasso dos Estados Unidos em promulgar uma política coerente relacionada à superpotência asiática é exclusivamente ilustrativo das falhas de sua classe política.
Sputnik
De acordo com o jornalista e consultor de negócios internacionais George Koo, os EUA falharam em quebrar sua dependência da potência industrial.
"Tudo o que as tarifas farão é que o público norte-americano, o consumidor norte-americano, o contribuinte norte-americano simplesmente pague muito mais por tudo o que precisar e tudo o que precisar comprar", disse Koo à Sputnik na quarta-feira (11), referindo-se aos pesados impostos sobre produtos chineses cobrados sob o governo Trump (2017-2021) e mantidos por seu sucessor, o presidente dos EUA, Joe Biden.
"Tudo o que eles vão comprar — boa parte, pelo menos — será feito na China e eles pagarão o preço por ser feito na China com tarifas mais altas", continuou. "Não é dinheiro de graça que Trump continua a se gabar. Vai sair do bolso do público norte-americano e vai aumentar o custo de vida."
Nenhum dos candidatos explicou completamente a natureza das tarifas aos espectadores durante o debate. Trump e Harris se dirigiram ao público norte-americano de forma incipiente, sem oferecer algo substancial para as pessoas.
"Eles realmente tratam o público norte-americano como inculto, sujo, ignorante, inquestionável", afirmou Koo. "Mas um dia desses eles vão acordar e vão dizer: 'ei, isso é balela'. E vamos ter que 'expulsar esses vagabundos'."
"Atacar a China é apenas um golpe baixo que lhes dá pontos políticos", continuou o especialista, alegando que os legisladores dos EUA tratam o público com tanto respeito quanto Trump e Harris. "O comércio entre os EUA e a China, na verdade, não diminuiu em nenhum grau desde que a guerra tarifária começou. O que é consequente é que estamos pagando mais por produtos feitos na China."
Koo citou o apoio à fabricante de chips dos EUA, Intel, como uma das principais falhas da guerra comercial. Os Estados Unidos concederam à empresa bilhões em subsídios apenas para que ela continuasse a perder sua posição outrora dominante como fabricante de semicondutores.
Panorama internacional
Política externa dos EUA foi moldada por medo da união entre Rússia e China, cravam especialistas
O analista afirmou que o público dos EUA ainda não entende até que ponto "a China pode exercer sua própria barreira e sanções e barreiras comerciais sobre [os Estados Unidos da] América", alertando que o país tem uma alavancagem significativa para retaliar contra medidas punitivas. "Quando isso acontecer — já está começando a acontecer, a propósito — não teremos sorte."

"A China tem sido muito cuidadosa, escolhendo muito lenta e gradualmente as áreas onde fará isso. E, no fim de contas, o público norte-americano entenderá que há uma dor que eles estão sentindo [que] vem de Washington e é uma consequência direta da falta de vontade de colaborar e cooperar de qualquer forma por causa de pontos políticos baratos que podemos ganhar dando tiros na China."

"A China está saindo do chamado desacoplamento em nome da 'redução de riscos' construindo sua [Iniciativa] Cinturão e Rota, construindo a aliança BRICS, fazendo seu comércio global", observou Koo. "Eles são agora o país comercial número um com praticamente todos no mundo. Até mesmo os países da União Europeia [UE] estão sentindo a dor das políticas norte-americanas que prejudicam sua economia. E eles estão gradualmente — Espanha, Itália, entre eles — vendo que faz muito mais sentido trabalhar com a China e tirar vantagem do projeto Cinturão e Rota do que tentar seguir sozinho ou tentar lançar sua sorte com os Estados Unidos."
"A China não tem intenção de desafiar os Estados Unidos, ou de substituir os EUA", afirmou o governo chinês durante o auge da guerra comercial EUA-China em 2019. Mas acrescentou que "os EUA são incapazes de forçar a mão da China e ainda menos propensos a deter o desenvolvimento da China. Os EUA não podem manter sua força tentando conter e suprimir outros países, ou transferindo suas próprias tensões domésticas para fora."
Acompanhe as notícias que a grande mídia não mostra!

Siga a Sputnik Brasil e tenha acesso a cnteúdos exclusivos no nosso canal no Telegram.

Já que a Sputnik está bloqueada em alguns países, por aqui você consegue baixar o nosso aplicativo para celular (somente para Android).

Comentar