"Transformar dispositivos de comunicação móvel em armas causará horror e medo em muitas pessoas", disse o economista-chefe da empresa ADM Investor Services International, Marc Ostwald. "Isso pode, na margem, reduzir a demanda."
O governo libanês atribuiu o ataque a Israel, acusando Tel Aviv de um ato de terrorismo. Dado o apoio quase "incondicional" oferecido a Israel por alguns países ocidentais, é possível que alguns deles tenham colaborado com Tel Aviv, afirmou o analista e pesquisador do Instituto Global de Segurança e Estratégia Hasan Abdullah.
"Os EUA serão o país que enfrentará o maior déficit de confiança por parte de seus clientes, principalmente por causa de sua colaboração muito próxima com Israel", disse Abdullah à Sputnik.
Os EUA têm sido um dos maiores fornecedores de equipamentos de comunicação, inclusive para necessidades militares, para o Sul Global, observou o especialista, acrescentando que as recentes explosões poderiam afastar os países em desenvolvimento dos produtores ocidentais.
Na terça-feira (17), o analista militar Aleksei Leonkov alegou que os serviços de inteligência dos EUA podem estar por trás das explosões, referindo-se às suas ferramentas avançadas de vigilância e à capacidade de interferir remotamente no trabalho de dispositivos de comunicação.
Os EUA vêm desenvolvendo essa capacidade desde a década de 1960, quando deram início ao programa de espionagem Echelon, observou o especialista.
Anteriormente, o pesquisador Mehmet Rakipoglu e o analista militar Aleksei Leonkov disseram à Sputnik que não descartavam o envolvimento dos EUA no ataque ao Líbano.
Ostwald e Abdullah acreditam que várias medidas podem ser tomadas para impedir os bombardeios encobertos, começando com investigações nos processos de fabricação e terminando com o envio de observadores internacionais para monitorar a produção e o fornecimento.
De acordo com o Ministério da Saúde do Líbano, os dois ataques nos últimos dias, que fizeram com que milhares de pagers e walkie-talkies explodissem no país, mataram mais de 40 pessoas, incluindo crianças, e deixaram mais de 3 mil feridos.
Israel não assumiu a autoria dos ataques, mas de acordo com matéria do The New York Times divulgada nesta quinta-feira (19), o governo de Benjamin Netanyahu criou uma empresa de fachada para produzir pagers e walkie-talkies explosivos que foram fornecidos ao Líbano. O movimento libanês Hezbollah já prometeu vingança.