Por determinação do presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), os chefes de Estado estavam limitados a apenas cinco minutos para discursar. Lula também se viu prejudicado pelo limite de tempo imposto, mas, mesmo depois de ter tido seu microfone cortado, continuou até concluir sua fala.
A iniciativa da ONU para tentar resgatar os organismos multilaterais e tentar chegar a compromissos dos governos em áreas como o clima, inteligência artificial (IA) e governança global, nas palavras de Lula, careceu de "ambição e ousadia", apesar de reconhecer avanços como a criação de uma instância de diálogo entre presidentes e líderes de instituições financeiras internacionais que promete recolocar a ONU no centro do debate econômico mundial.
"Voltar atrás em nossos compromissos é colocar em xeque tudo o que construímos tão arduamente. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram o maior empreendimento diplomático dos últimos anos e caminham para se tornar nosso maior fracasso coletivo", destacou o presidente ao longo de sua fala.
O presidente aproveitou a parte final de seu pronunciamento para defender a reformulação do sistema da ONU e das instituições financeiras internacionais, para atender as demandas dos países em desenvolvimento, chamando a atenção para as fraquezas dessas instituições.
"A maioria dos órgãos carece de autoridade e meios de implementação para fazer cumprir suas decisões. A Assembleia Geral [da ONU] perdeu sua vitalidade, e o Conselho Econômico e Social foi esvaziado. A legitimidade do Conselho de Segurança encolhe a cada vez que ele aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades", declarou Lula.
O presidente criticou ainda o fato de as instituições de Bretton Woods desconsiderarem as prioridades e as necessidades do mundo em desenvolvimento, afirmando que "o Sul Global não está representado de forma condizente com seu atual peso político, econômico e demográfico".
Quando Lula mencionou que "a Carta da ONU não faz referência à promoção do desenvolvimento sustentável", seu microfone foi cortado. Mas ele não cedeu e prosseguiu.
"Precisamos de coragem e vontade política para mudar, criando hoje o amanhã que queremos. O melhor legado que podemos deixar às gerações futuras é uma governança capaz de responder de forma efetiva aos desafios que persistem e aos que surgirão", completou.