Dados da S&P Global sugerem que o abrandamento da economia dos 20 países do bloco "está a acentuar-se", após "a recuperação" do início de 2024 ter se dissipado: "O ponto mais fraco continua a ser a Alemanha", destacou a Bloomberg.
O PMI da Alemanha caiu para 47,2 — queda considerada acima do esperado, nível mais baixo em sete meses e ainda abaixo da marca de 50, "que separa o crescimento da contração", explica a mídia. A fase de contração da economia alemã foi agravada em setembro, penalizada sobretudo pelas dificuldades do setor industrial, que enfrenta uma crise no setor de automóveis.
A gigante Volkswagen, por exemplo, que enfrenta o aumento dos custos de energia, a competitividade de outros fabricantes e a baixa procura por seus produtos, considera fechar várias fábricas na Alemanha e despedir cerca de 15 mil trabalhadores.
Por sua vez, a Mercedes-Benz Group AG e a BMW também "decepcionaram os investidores" ao baixarem suas previsões de lucro, algo que também teve impacto no índice PMI, sugere o portal.
Nas palavras do economista-chefe do Banco Comercial de Hamburgo, Cyrus de la Rubia, a recessão no setor industrial "evaporou qualquer esperança de uma recuperação rápida" da economia alemã, e o colapso da indústria "está começando a se espalhar para o setor de serviços", acrescenta.
"Parece estar em curso uma recessão técnica. […] O otimismo é coisa do passado", disse, prevendo que a economia alemã contrairá mais 0,2% neste trimestre.
Quanto ao vizinho ao oeste da Alemanha, o PMI da França caiu de 53,1 para 47,4 — muito longe dos 51,5 esperados por alguns analistas. Segundo Tariq Kamal Chaudhry, economista do Banco Comercial de Hamburgo, a França registrou um declínio na atividade do setor de serviços, que recebeu "um impulso inesperado" graças aos Jogos Olímpicos realizados em Paris.
"O crescimento do setor dos serviços em agosto foi uma anomalia relacionada aos Jogos Olímpicos, que agora se dissipou. […] Prevemos uma quase estagnação da economia francesa para o terceiro trimestre, face ao anterior", esclareceu.
Com isso, segundo ele, a França se une ao grupo de economias da zona euro que "lutam contra importantes desafios de crescimento".
Embora o Banco de França espere que a economia cresça 0,8% em 2024, o crescimento também foi abrandado pela incerteza política após as eleições parlamentares de julho. Entre as prioridades do novo governo do primeiro-ministro Michel Barnier, conforme indica a Bloomberg, estaria travar o déficit orçamental, que está bem acima do limite de 3% estabelecido pela UE.
A indústria europeia foi atingida pelo aumento dos preços da energia após a UE se recusar a comprar hidrocarbonetos russos, e as esperanças de que a economia do continente se recuperasse rapidamente desapareceram.
Com o setor industrial em declínio e as perspectivas "cada vez mais sombrias" das empresas, segundo Cyrus de la Rubia, a crise "está longe de terminar".
"A zona euro caminha para a estagnação. […] Não é preciso muita imaginação para prever um maior enfraquecimento da economia", concluiu o economista.