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Brasil abre 79ª Assembleia Geral da ONU: confira o discurso de Lula

Tradicionalmente o primeiro país a se pronunciar no evento anual da ONU, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva já deu o tom de sua fala na Assembleia Geral durante o Pacto da ONU aprovado no último domingo (22).
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O discurso do Brasil na abertura da Assembleia Geral da ONU já é tradição. Neste ano, o tema da reunião fala em diversidade, paz, desenvolvimento sustentável e dignidade humana, e, no discurso, Lula também falou de mudanças climáticas, transição energética e preservação para além dos desafios do multilateralismo e dos limites da ONU e suas instituições.
Após saudar todos os presentes, com especial destaque a delegação palestina — que pela primeira vez esteve em caráter de observadora na reunião — e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, Lula destacou as dificuldades de se conseguir consensos dos signatários em diferentes desafios, como na ocasião da pandemia de COVID-19, que não impôs nenhum instrumento de combate no caso de situações análogas.
"Adotamos ontem, aqui neste mesmo plenário, um Pacto para o Futuro. Sua difícil aprovação demonstra o enfraquecimento de nossa capacidade coletiva de negociação e de diálogo. Seu alcance limitado, também é a expressão do paradoxo do nosso tempo", afirmou Lula.
Crítico conhecido do anacronismo da ONU tanto no que diz respeito à sua representatividade em instâncias como o Conselho de Segurança, como no âmbito geral da própria assembleia que não consegue mais lidar com a mediação entre os Estados, o presidente brasileiro mencionou os atuais conflitos quentes ao redor do mundo, citando em especial Ucrânia e Gaza — para os quais menciona o Plano para Paz de seis pontos de Brasil e China, e a solução de Dois Estados, respectivamente.
Lula citou ainda os fortes desafios climáticos que o mundo enfrenta em caráter generalizado e justificou na bioeconomia, uma saída viável para alguns desses problemas.

"Não é mais admissível pensar em soluções para as florestas tropicais sem ouvir os povos indígenas, comunidades tradicionais e todos aqueles que vivem nelas. Nossa visão de desenvolvimento sustentável está alicerçada no potencial da bioeconomia. O Brasil sediará a COP-30 em 2025, convicto de que o multilateralismo é o único caminho para superar a urgência climática", afirmou o presidente.

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Destacando o potencial brasileiro na agenda ambiental, Lula ressaltou que o mundo está atrasado na matéria, e que existe muito a ser feito, mas que o ritmo segue ainda lento para a necessidade do mundo.
O presidente falou ainda nos desafios da democracia em diversas searas e territórios. Citando casos como de países africanos e do próprio Brasil, Lula destacou que as instituições precisam estar firmes contra tentativas de "solapar" a democracia que espalham ódios, preconceitos e retrocessos.

"No mundo globalizado, não faz sentido recorrer a falsos patriotas e isolacionistas. Tampouco há esperança no recurso a experiências ultraliberais que apenas agravam as dificuldades de um continente depauperado. O futuro de nossa região passa, sobretudo, por construir um Estado sustentável, eficiente, inclusivo e que enfrenta todas as formas de discriminação, que não se intimida ante vídeos, corporação ou plataformas digitais que se julguem acima das leis. A liberdade é a primeira vítima de um mundo sem regras", afirmou.

Tangenciando a recente disputa jurídica entre X e o Judiciário brasileiro, Lula falou sobre a governança intergovernamental da inteligência artificial (IA) como uma ferramenta de paz, um dos fatores importantes para a digitalização dos países e uma regulamentação adequada que respeite sua soberania, sem que com isso, haja concentração de poder e renda nas mãos de poucos empresários, uma tendência que foi evidenciada, segundo o presidente, na última década.
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Lula citou o problema da fome, uma de suas principais bandeiras de luta, e destacou que mulheres são as maiores vítimas dessas "escolhas políticas" que vêm sendo adotadas ao redor do mundo, convidando os presentes a se somarem em iniciativas que combatam o problema de forma pragmática.
Ao terminar sua fala, o presidente brasileiro reafirmou a discrepância entre a realidade do mundo e a composição das Nações Unidas, começando pelo fato de que os países africanos que hoje a integram, entraram no sistema ainda como países coloniais.
Sem nunca ter tido uma mulher ocupando sua secretaria-geral, Lula disse não ter ilusões de que suas críticas sejam ouvidas, ou ainda de que os esforços resultem em mudanças imediatas, uma vez que a cultura colonial cristalizada pretende lutar pela manutenção do status quo.

"A vontade da maioria pode persuadir os que se apegam as expressões cruas aos mecanismos do poder. Neste plenário ecoam as aspirações de toda a humanidade. Aqui, travamos os grandes debates do mundo. Neste fórum buscamos as respostas para os problemas que afligem o planeta. Recai sobre a Assembleia Geral expressão maior do multilateralismo, a missão de pavimentar o caminho para o futuro. Muito obrigado e boa sorte", concluiu o presidente.

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