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BRICS está consolidando projetos comuns nas telecomunicações, diz integrante do Brasil na Rússia

O BRICS tem sido uma oportunidade para aproveitar experiências que estão sendo conduzidas no mundo em busca dos próprios caminhos na área de comunicação, afirmou o chefe da Assessoria Internacional do Ministério das Comunicações do Brasil, Jeferson Nacif, em entrevista exclusiva à Sputnik.
Sputnik
Nacif está na Rússia com a delegação brasileira que participou da 10ª Reunião dos Ministros de Comunicações do BRICS, nesta sexta-feira (27), em Innopolis, satélite da cidade russa de Kazan.

"Dado o avanço e a proeminência desses países na área tecnológica, esses atores são essenciais para sentar junto no plano internacional e promover uma discussão que leve em consideração nossas prioridades como países em desenvolvimento", comentou ele. "Agrupamentos como o BRICS e G20 nos ajudam muito a aproximar, trazer essas melhores experiências para discussão, aprofundamento e eventual absorção."

No evento, foram discutidos também temas relacionados à cooperação bilateral com a Rússia no campo das comunicações, bem como expectativas e desafios da presidência brasileira no BRICS, a partir de janeiro de 2025.
O representante contou à Sputnik Brasil que durante a presidência da Rússia, que se encerra neste ano, o agrupamento definiu três temas prioritários para o grupo de comunicações do BRICS: inteligência artificial, competências digitais e infraestrutura pública digital.
Entre os destaques das ações conjuntas, ele citou o Instituto de Redes do Futuro do BRICS (BIFN, na sigla em inglês), que agrega institutos e academias de telecomunicações dos países-membros.

"No nosso caso, o participante brasileiro é o CPQD, o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações, que fica sediado em Campinas. E assim como o Brasil, os outros países oferecem seus centros para fazer trocas de experiências, desenvolver projetos comuns de pesquisa na área de telecomunicações."

Outro lançamento recente foi o do Centro de Desenvolvimento e de Inteligência Artificial pela China. Da mesma forma, os chineses oferecem cursos, capacitação e desenvolvimento de aplicativos no âmbito, preferencialmente, dos países do BRICS.
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A chegada de cinco novos membros no grupo — Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã e Egito — promete ampliar e incrementar as parcerias no setor, opinou Nacif.

"Esses membros tiveram a aprovação no ano passado e já se juntaram às reuniões técnicas e ministeriais. Os Emirados Árabes e Arábia Saudita também têm iniciativas muito interessantes nas áreas de telecomunicações e desenvolvimento de TICs [Tecnologias da Informação e Comunicação]. Exemplo disso é que os Emirados constituíram o primeiro ministério para inteligência artificial de que se tem notícia no mundo", contou.

Ele adiantou que alguns pontos tratados no encontro devem ser abordados em novembro, na cúpula do G20, pelo Ministério das Comunicações, como sustentabilidade ambiental, inteligência artificial e conectividade.

"[…] São, sem dúvida nenhuma, temas extremamente importantes, e ficaria muito feliz de vê-los também na declaração presidencial. Espero que ela faça menção aos temas que nós tratamos no grupo de economia digital", comentou ele. "Acho que vamos ter uma declaração final, tanto no G20 quanto no BRICS, muito sensível a esses pontos, espero que sim."

O representante da pasta ressaltou que na seara da comunicação e da tecnologia, o maior desafio dos países é a democratização do acesso à Internet, às telefonias e às tecnologias.

"[…] Existe uma diferença entre conectividade e conectividade significativa, que é um tema que o Brasil levou para o G20 e que pretende continuar discutindo aqui no BRICS e no plano internacional como um todo. Ou seja, é fazer a Internet chegar às pessoas, mas chegar de uma forma que seja realmente produtiva, que seja segura, que seja com uma cobertura, uma disponibilidade ideal, que seja com os equipamentos ideais e a preços adequados, justos", defendeu.

No caso do Brasil, definir a melhor medida de quanto e como ir além é um dos objetivos do Ministério das Comunicações, acrescentou. Isso será feito por meio das políticas públicas de letramento digital, de oferta de computadores e celulares a preço justo.

"Seja por meio de financiamento, como fundo de universalização de telecomunicações, ou por outros instrumentos regulatórios disponíveis na mão do Estado, para fazer a população realmente ter acesso e fazer o uso mais adequado e mais produtivo possível dessas tecnologias digitais."

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