A Suíça, que sediou uma cúpula de paz para Ucrânia em junho em Buergenstock, participou da reunião com 17 nações nomeada "Amigos pela Paz", ocorrida na sexta-feira (27) às margens da 79º Assembleia Geral das Nações Unidas.
O encontro foi presidido pelo ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, e pelo assessor de política externa do Brasil, Celso Amorim.
"Participamos desta reunião como observadores e apoiamos essa dinâmica", disse Nicolas Bideau, porta-voz-chefe da chancelaria suíça à Reuters.
Bideau afirmou que a visão de Berna sobre o plano chinês e brasileiro, divulgado pela primeira vez em maio, mudou desde que uma referência foi adicionada à Carta da ONU, o tratado fundador do organismo global que compromete as nações a manter a paz.
"Para nós, isso se traduz em uma mudança significativa em nossa visão dessas iniciativas. Um esforço diplomático concreto organizado pelo grupo sino-brasileiro pode ser de nosso interesse", afirmou Bideau, citado pela mídia.
A cúpula de Buergenstock, para a qual a Rússia não foi convidada, foi vista como um esforço liderado pelo Ocidente para isolar Moscou e gerou alegações de que a Suíça estava se afastando de sua tradição secular de neutralidade.
Desde então, diplomatas dizem que Berna vem negociando para encontrar um anfitrião para uma nova cúpula, com os países do Sul Global vistos como os principais candidatos.
O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia respondeu à participação da Suíça na reunião da última sexta-feira (27), divulgando uma declaração na qual afirmou que a fórmula de paz de Vladimir Zelensky era "o único caminho para uma paz abrangente, justa e sustentável".
A pasta disse que Kiev e Berna ainda estavam trabalhando para coletar signatários para o comunicado resultante da cúpula de paz global em junho. "Não podemos entender a lógica de tal decisão", acrescentou a chancelaria ucraniana.
O documento apelou à Suíça "e a todos os países que apoiam o direito internacional e a Carta da ONU" para que não participem de iniciativas que "só podem complicar o processo de obtenção de uma paz abrangente, justa e sustentável para a Ucrânia".
"Aquelas iniciativas que não reconhecem o fato da agressão armada não provocada da Rússia contra a Ucrânia, igualam a vítima e o agressor e propõem a redução da tensão às custas da soberania e dos territórios da Ucrânia, não podem ser apoiadas pela Ucrânia", acrescentou o MRE ucraniano.
Ministros das Relações Exteriores e representantes sêniores de um grupo de países do Sul Global se reuniram à margem do debate geral da 79ª sessão da Assembleia Geral, em 27 de setembro de 2024.
Após a conclusão da reunião, Argélia, Bolívia, Brasil, China, Colômbia, Egito, Indonésia, Cazaquistão, Quênia, México, África do Sul, Turquia e Zâmbia emitiram um comunicado conjunto sobre o conflito no Leste Europeu, conforme divulgado pela chancelaria chinesa.