"Então, Israel, desde a sua fundação, busca se colocar como um Estado que age exclusivamente de forma defensiva, para proteger os judeus. Isso tem muito a ver com a proteção em relação ao antissemitismo, que era bastante genocida naquele contexto, logo após o Holocausto […]. Israel utiliza-se dos direitos de defesa como uma forma de justificar qualquer medida agressiva contra os seus inimigos, mesmo quando ela viola o direito internacional, como é o caso da resposta que a gente vê na Faixa de Gaza [desde outubro do ano passado]", pontuou.
"Esses dados evidenciam a desproporcionalidade de poder. Além disso, grupos como o Hezbollah, que surgiram para resistir à ocupação israelense, por mais que possam iniciar determinada conflagração de violência, quando a gente olha para a perspectiva histórica de longo prazo, vemos Israel também como a força agressiva prioritária nos conflitos", declara.
O que está acontecendo em Gaza é genocídio?
Qual é a situação atual da Palestina?
"Então, quando Israel escalona a violência contra palestinos, tende a haver solidariedade desses grupos políticos e militares [como o Hezbollah e os houthis do Iêmen]. Se antigamente eram os Estados árabes, hoje, particularmente, são as forças guerrilheiras e o Irã. Então isso sempre afetou a dinâmica de segurança na região […]. A permanência da guerra e ausência de um acordo de paz é o que traz instabilidade. E Israel persegue essa instabilidade que, em certo sentido, traz também uma aliança muito próxima com os Estados Unidos. Permite ainda ao país agir de forma violenta contra inimigos comuns aos norte-americanos", resume.
"Embora o próprio nome diga Forças de Defesa de Israel, o país não só se defende, como acaba extrapolando diversos limites éticos, morais e do próprio direito internacional de guerra. São ataques sistemáticos contra infraestruturas, a população civil, e não só em relação a alvos que diz querer alvejar", conclui.