Trudeau afirmou na semana passada que conta com o apoio da maioria dos 153 membros do Partido Liberal canadense na Câmara dos Comuns, apesar de alguns deputados da sigla terem assinado uma carta pedindo que renunciasse ao cargo antes das próximas eleições, lembrou o jornal britânico.
No entanto, analistas consultados pela reportagem consideraram que a "rebelião no partido" se intensificou nos últimos meses, fazendo com que o primeiro-ministro canadense fosse obrigado a enfrentar críticas internas sobre sua liderança.
Scott Reid, ex-funcionário durante a gestão do primeiro-ministro Paul Martin, disse que é provável que Justin Trudeau e sua equipe "estejam em choque" e que devem estar cientes de que os liberais que pedem sua renúncia podem ser mais numerosos do que se sabe atualmente. "Isso é uma revolta iceberg. O que está escondido sob as ondas pode ser imenso, e isso deve ser intimidante para o primeiro-ministro, quer ele admita isso em público ou mesmo em particular", afirmou o analista político.
O analista Scott Reid acrescentou que no Canadá não existe uma "tradição" de primeiros-ministros que deixam o cargo voluntariamente, indicando que "praticamente todos sofrem uma derrota eleitoral" ou "saem no último momento", quando já não há chances de vitória.
O jornal destacou ainda que não haveria um "substituto claro" para Trudeau. Apesar disso, entre os nomes ventilados para a posição no país, conforme a publicação, todos parecem estar em uma posição eleitoral melhor que Justin Trudeau. Uma pesquisa eleitoral coloca os liberais quase 20 pontos atrás dos conservadores.
O analista político Eric Grenier declarou ao The Guardian que, no passado, nem mesmo "governos impopulares" haviam obtido "resultados tão baixos nas pesquisas". Ele comentou que o problema do Partido Liberal é que essa "tendência vem de longe".
"Não é o resultado de um escândalo ou de um grande problema, mas o gotejar, gotejar, gotejar de quase 10 anos no poder. E a realidade é que as pessoas já sabem o que pensam sobre Justin Trudeau, e não vão mudar de opinião sobre ele", afirmou.