Esta é a primeira vez que o encontro dos prefeitos ocorre na véspera da reunião dos chefes de Estado. Para receber o grupo, o município do Rio de Janeiro contará com um esquema especial de segurança, realizada conjuntamente pelas forças policiais federais e estaduais, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e o Comando Militar do Leste do Exército, acionado através da Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Em entrevista coletiva a jornalistas, o presidente do Comitê Rio G20, Lucas Padilha, detalhou que o encontro dos chefes de Estado acontecerá em um reformado Museu de Arte Moderna do Rio (MAM).
O evento poderia ter ocorrido em um centro de convenções ou um resort. A escolha pelo MAM se deu pelo que o Rio de Janeiro quer apresentar aos líderes mundiais, destacou Padilha. "Um lado que não é o folclórico, não é o autoexótico", disse.
"Muitos países do Sul pegam o que é mais particular, o mais diferente, para mostrar. Não é nossa ideia. Queremos mostrar o que é brasileiro", disse.
Nesse sentido, o MAM, um museu de arte moderna de arquitetura brutalista com vista para a baía de Guanabara, o Pão de Açúcar, e envolto nos jardins de Burle Marx, que possuem flora de todos os biomas do Brasil, foi a escolha ideal.
Além de reformado, o espaço contará com novas câmera de alta resolução, 360 graus e reconhecimento facial. Ao todo, todos os espaços do evento, desde a região dos hotéis à região portuária onde haverá o U20, serão monitorados por 5 mil câmeras da Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP).
Cidades buscam financiamento internacional
Um dos pontos-chave do encontro será a discussão sobre a criação de um fundo de garantia financeira para que as cidades captem empréstimos junto a instituições internacionais de fomento, como o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco do BRICS.
Cidades são muitas vezes consideradas pontos de consumo de energia e emissão de poluentes, afirmou Padilha. No entanto, o oposto também pode ser verdade, com municípios trabalhando na geração de energia e criando áreas verdes.
Para isso, as cidades precisam de meios de financiamento para ações de combate climático.
"Isso inclui coisas como transporte, habitação, contenção de encostas, drenagem de rios", observou.
Segundo Padilha, a Comissão Global de Financiamento de Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis Urbanos diagnosticou que um dos principais impeditivos dos municípios em investir nessas infraestruturas é a dificuldade em captar dívida para investimentos públicos. Nesse ponto, inclusive, o Brasil serve de exemplo para outras nações com bancos como a Caixa Econômica e o Banco do Brasil, que fornecem linhas de crédito a municípios.
Outro exemplo de mecanismo financeiro que será discutido no U20 é a criação de créditos de biodiversidade nas cidades, isto é, o lançamento de créditos que estimulem a manutenção de florestas e viveiros importantes para o perímetro urbano.
"A ideia é que maus pagadores da dívida pública possam comprar créditos para pagar uma parte de sua dívida e criar um mercado a partir disso. Não só ajuda a melhorar o rating da cidade, mas é um mercado no qual a prefeitura não coloca dinheiro; ela recebe. E os pegadores recebem um crédito de biodiversidade que pode ser vendido."
"A natureza é um ativo e precisa ser valorizada", concluiu Padilha.