O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, afirmou que vai apelar aos países do bloco para que mantenham o apoio à Ucrânia diante da incerteza quanto aos planos do vencedor das eleições presidenciais dos Estados Unidos, Donald Trump.
"Na próxima semana realizarei uma reunião do Conselho de Relações Exteriores, bem como dos Ministérios da Defesa dos países da UE [...]. A Ucrânia será um dos temas principais, transmitirei aos ministros a necessidade de continuar a apoiar, incluindo [nas áreas] diplomática, defesa e segurança, especialmente agora, neste momento crítico", disse Borrell durante a sua visita a Kiev.
Ele acrescentou que é muito cedo para especular sobre as intenções de Trump em relação à ajuda à Ucrânia e garantiu que os compromissos da UE com Kiev "permanecem em vigor".
"Esse é o meu apelo constante: [...] mais assistência militar, mais esforços de treino [de combatentes], abastecimentos mais rápidos, mais dinheiro, bem como permissão para atingir o inimigo no seu território", sublinhou.
Borrell destacou também que quase 50% de toda a ajuda mundial à Ucrânia vem do bloco europeu, e que apenas a assistência militar concedida já passou de 45 bilhões de euros (cerca de R$ 276 bilhões).
"Já treinamos 60 mil soldados ucranianos, até o final do inverno treinaremos 75 mil [...]. Não há consenso sobre a transferência do treinamento para o território da Ucrânia, mas não posso excluir que um dia isso será acordado", enfatizou.
A Rússia mantém uma operação militar especial na Ucrânia desde 24 de fevereiro de 2022, cujos objetivos, segundo o presidente russo Vladimir Putin, são proteger a população de "um genocídio do regime de Kiev" e enfrentar os riscos à segurança nacional que representam o avanço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para o leste europeu.
A Ucrânia é apoiada militarmente por 32 países da aliança, liderada pelos Estados Unidos e composta pela maioria dos países da União Europeia.
Segundo o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, os EUA e a aliança atlântica participam diretamente no conflito na Ucrânia com o fornecimento de armas e o treinamento de militares ucranianos nos territórios do Reino Unido, Alemanha, Itália e outros países.
O Kremlin afirma que a política ocidental de inundar a Ucrânia com armas não contribui para as negociações russo-ucranianas e só terá um efeito negativo para o conflito.