"A diáspora é representativa, porque você tem 1,2 milhão de moldávios [morando] fora. A maior parte deles está na Romênia, na Ucrânia e na Itália", lembrou. "Quase meia Moldávia fora da Moldávia. Então [residentes do exterior] sempre vão decidir uma eleição", salientou ele.
"Esse cenário interno é um fenômeno que acaba sendo polarizador entre os que preferem estar a favor da Rússia ou a favor de uma adesão à comunidade europeia, de modo geral. Ainda acho que é interessante também destacar, nessa questão de ser um país polarizado ou não, que tem uma terceira vertente que eu vejo que é pouco comentada, que defende a reintegração com a Romênia, tanto partindo da Moldávia quanto dos próprios romenos."
UE: aderir ou não aderir, eis a questão
"O processo de adesão à União Europeia é complexo: precisa de uma robustez jurídica; de um índice de democracia forte (de acordo com o que a União Europeia entende); instituições ativas, sem nenhum tipo de escândalo muito grotesco, sem imbróglios jurídicos internacionais com vizinhos, o que não é o caso da Moldávia", comentou.
"Você tem que fazer muitas reformas que não são necessariamente econômicas. Por exemplo, reforma de algumas instâncias judiciárias, você tem que harmonizar muitas leis com a União Europeia, fazer todo um processo de adaptação que não vai ser tão simples", disse.
"E as províncias que fazem fronteira com a Romênia e, portanto, têm contato direto com a União Europeia, no raciocínio simplista votariam 'sim' pela União Europeia, e votaram 'não'. Você teve um raciocínio cruzado em que um lugar onde você achava que o 'não' iria ganhar, perdeu, e um lugar onde você achava que o raciocínio iria ganhar, na verdade o 'não' ganhou […]", destacou ele.
"Existem diversos gasodutos ali no seu entorno, e um gasoduto que passa pela Moldávia. Lembrando que a Moldávia é um país sem saída para o mar, então isso acaba deteriorando ainda mais a sua posição em relação a essa dependência."
"O PIB da Moldávia é de US$ 18 bilhões [cerca de R$ 100 bilhões]; é muito pequeno. Você deve ter cidades brasileiras com um PIB maior", acrescentou Martins. "Acredito até que a China talvez seja um pêndulo interessante nesse jogo geopolítico para beneficiar um pouco a questão da Moldávia."