A ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, classificou como uma "difícil experiência" a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP29), realizada em Baku, no Azerbaijão.
"É fundamental, sobretudo após a difícil experiência que estamos tendo aqui em Baku, chegar a um resultado minimamente aceitável para todos nós, diante da emergência que estamos vivendo", em seu discurso final na cúpula.
A avaliação da ministra se deu porque a cúpula encerrou sem solucionar questões altamente importantes, a principal delas o financiamento anual por parte de países ricos, até 2035, para o combate às mudanças climáticas.
O financiamento é demandado por países em desenvolvimento, entre eles, o Brasil. A proposta inicial, de US$ 1 trilhão anual (cerca de R$ 5,8 trilhões), foi rejeitada por países desenvolvidos. Uma contraproposta, no valor de US$ 280 bilhões (cerca de R$ 1,6 trilhão) foi apresentada, e posteriormente foi acordado um aporte de US$ 300 bilhões (cerca de R$ 1,7 trilhão). O valor, no entanto, é considerado aquém do necessário.
Após o encerramento da cúpula, Marina Silva concedeu coletiva a jornalistas, na qual reforçou o alinhamento do Brasil com o Acordo de Paris e disse que "os países em desenvolvimento não estão buscando esses recursos para benefício próprio, mas em benefício de todos".
"Os países desenvolvidos têm obrigações, conforme o Acordo de Paris, de fazer esses aportes que ajudem a alavancar recursos privados. Mas, é preciso garantir aquilo que é essencial e que assegure, também, uma base para países mais vulneráveis fazerem já suas transições e suas adaptações."
A ministra foi questionada sobre as expectativas para a agenda climática após a posse do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, em janeiro.
"Não paramos quando os Estados Unidos não entraram no protocolo de Kyoto e no Acordo de Paris, mas também não deixamos de reconhecer que é um prejuízo muito grande, não só para os países em desenvolvimento, os desenvolvidos que estão nessa agenda, mas um prejuízo para toda a humanidade, inclusive um prejuízo político porque o povo americano está sofrendo as consequências dos eventos climáticos extremos que estão ficando cada vez mais frequentes e intensos", disse a ministra.
Marina Silva tornou a sugerir que os resultados da cúpula deste ano elevam a responsabilidade do Brasil na COP30, a ser realizada em agosto de 2025, em Belém (PA). Ela se referiu à cúpula do próximo ano como a "COP das COPs".
"Fazer da COP30, no território tão simbólico da Amazônia, o momento da vida para restaurar tudo aquilo que parece que estamos perdendo, a cada situação extrema que estamos enfrentando, é um dos maiores desafios que temos pela frente", afirmou a ministra.
A COP29 teve início no dia 11 e foi encerrada na noite de sábado (23), com um dia de atraso por conta de negociações turbulentas e falta de consenso.