Os últimos tempos são considerados por muitos especialistas como os piores para a Ucrânia de todo o período do conflito, já que há meses que as Forças Armadas ucranianas estão recuando constantemente, perdendo, às vezes, vários povoados em um dia.
O artigo nota que faltam 15 quilômetros para que as tropas russas entrem em uma nova região, a de Dnepropetrovsk.
"A Ucrânia está correndo para concluir várias linhas de defesa que poderiam deter os rápidos avanços da Rússia, mas até agora os esforços têm sido prejudicados por atrasos e falta de coordenação", diz o jornal britânico citando oficiais e comandantes ucranianos.
Segundo o ex-presidente da Suprema Rada (parlamento ucraniano), Dmitry Razumkov, "a questão das fortificações é outro fator que desmoraliza as tropas".
De acordo com ele, a construção das linhas de defesa foi inicialmente atrasada porque Kiev estava contando com sucessos, mas, após o fracasso da contraofensiva ucraniana em 2023, houve mais atrasos devido à falta de coordenação e a vários casos de corrupção.
"Os fundos estão espalhados por todas as regiões e cada uma está construindo suas próprias coisas. Não há uma pessoa que seja responsável pela qualidade, pelo planejamento, por saber como essas posições serão transferidas e para quem, e quem as vai supervisionar", disse ele.
Assim, segundo a publicação, a região de Dnepropetrovsk gastou US$ 7,3 milhões (R$ 44,38 milhões) em fortificações de novembro de 2023 a novembro de 2024.
No entanto, dois funcionários envolvidos na construção na área disseram que, pelo dinheiro gasto, não há muito a mostrar e que o trabalho realmente começou só há cerca de dois meses.
Um repórter do Financial Times que visitou partes da região de Dnepropetrovsk em novembro viu apenas algumas posições preparadas e uma vala antitanque, além de várias posições ainda em construção ou inacabadas.
Uma unidade de engenharia ucraniana entrevistada precisava frequentemente coletar dinheiro para construir as linhas de defesa, enquanto as posições atrás delas, de segunda e terceira linha, foram construídas sem consultar com as tropas na linha de frente, "ou no lugar errado, ou muito distante da primeira linha".
Anteriormente, um deputado ucraniano, Mikhail Bondar, disse que a Ucrânia havia aberto cerca de 30 processos criminais relacionados ao desvio de fundos durante a construção de fortificações, totalizando mais de US$ 483 milhões (mais de R$ 2,9 bilhões).