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'Sem similar no mundo': avião Super Tucano brasileiro está prestes a entrar no mercado europeu

Portugal se tornou neste mês o primeiro país da OTAN a encomendar o avião Super Tucano da Embraer para a sua aeronáutica. Ao todo serão produzidas 12 unidades do modelo para a Força Aérea Portuguesa (FAP), abrindo caminho para que a aeronave encontre um novo mercado na Europa e cimentando a posição de destaque da indústria aeroespacial brasileira.
Sputnik
No último dia 16, a Embraer anunciou a assinatura do contrato com Portugal para a aquisição de 12 unidades do A-29N Super Tucano, versão da aeronave que segue especificações comunicacionais da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
O modelo também conta com "capacidades adicionais, adaptadas para atender aos requisitos operacionais de Portugal", sublinhou a Embraer em seu site.
A expectativa é de que os primeiros exemplares cheguem ao país europeu no último trimestre de 2025, devendo passar por adaptações e testes por três meses e entrar em operação em 2026, informou o general João Cartaxo Alves, chefe do Estado-Maior da FAP ao jornal Público.
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Ao todo, Portugal desembolsará 200 milhões de euros (R$ 1,3 bilhão) pelos aviões, afirmou o ministro da Defesa de Portugal, Nuno Melo. No país, os aviões serão adaptados pela Indústria Aeronáutica de Portugal (OGMA), subsidiária no país da Embraer, na qual o governo português detém 35% do controle.
Dessa forma, dos 200 milhões de euros investidos, cerca de 75 milhões de euros (R$ 480 milhões) serão aplicados na própria economia portuguesa, destacou o ministro.
Desenvolvido para atender a necessidades específicas da Força Aérea Brasileira (FAB), o modelo caiu no gosto de forças aéreas ao redor do mundo, conta à Sputnik Brasil o professor Marcos Barbieri, especialista em indústria aeroespacial e defesa e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

"Dadas as suas características, ele foi exportado para vários países, principalmente da América Latina, África e alguns da Ásia."

O especialista explica que o Super Tucano é uma aeronave com duas funções bem específicas. A primeira é ser um avião de treinamento avançado, isto é, de preparo de um piloto já formado na academia, mas que ainda não tem experiência suficiente para usar um avião de primeira linha como é, no caso do Brasil, o Gripen.
Já a segunda é atuar como uma aeronave de patrulha aérea e ataques leves, "com certo grau de sofisticação, como bombas guiadas a laser". Por conta disso, ele é amplamente utilizado pela FAB para treinar seus pilotos e vigiar a vasta Região Amazônica, interceptando aviões que entram no espaço aéreo brasileiro ilegalmente.
"E por ser um avião turbo-hélice, e não a jato, tem um custo operacional muito baixo", destaca Barbieri.

"Cada hora de voo de um F-35 norte-americano custa US$ 35 mil [R$ 215 mil], enquanto a hora de voo do Super Tucano custa US$ 1 mil [R$ 6,19 mil]."

Portugal abre caminhos para o resto da Europa

Sucesso de vendas internacionais, o Super Tucano já foi encomendado pelas forças aéreas de 19 países, sendo levado em consideração por mais sete. Ao todo são mais de 150 unidades vendidas para o exterior.
Alguns exemplos de países que já operam são nossos vizinhos sul-americanos Colômbia, Uruguai, Equador, Paraguai e Chile; os centro-americanos e caribenhos Honduras e República Dominicana; e os asiáticos Filipinas, Indonésia e Turcomenistão.
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Esta, no entanto, é a primeira vez que um país-membro da OTAN faz encomendas do caça leve da Embraer, com exceção dos Estados Unidos, que fez o pedido de 26 unidades para repassar para a Força Aérea do Afeganistão durante a guerra no país.
Dessa forma, o Super Tucano segue os passos do avião de transporte C-390, seu irmão maior e mais novo também produzido pela Embraer. O cargueiro encontrou sucesso no mercado europeu, com vendas anunciadas para sete países, graças à primeira venda para Portugal.
Nesta sexta-feira (27), inclusive, a Embraer noticiou a décima venda internacional do C-390; dessa vez para um cliente não revelado. Destes, sete são europeus, sendo seis integrantes da OTAN.
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Como é dona de 35% da OGMA, empresa que produzirá as aeronaves em solo português, o governo do referido país ajudará a divulgar o A-29N em troca de uma parcela das vendas e da atividade econômica gerada. "Da mesma forma como fizemos com o C-390", declarou o ministro da Defesa português.
Segundo Barbieri, o avião "coringa" se encaixa perfeitamente nas necessidades atuais de diversas aeronáuticas europeias.
"Vários países da Europa estão precisando de novos aviões de treinamento avançado, e nós temos um que pode ser usado como treinamento e, no caso de necessidade, para um ataque leve."

"É uma aeronave que praticamente não existe similar no mundo. Não tem outra que faça essa função dupla."

É que revelou também Frederico Lemos, chefe do Departamento Comercial da Embraer Defesa & Segurança.
De acordo com o executivo, vários países-membros da OTAN demonstram interesse na compra do A-29N. "Preferimos não comentar quais, mas são vários."
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