"Há uma decadência. Ela pode ser até relativa em vários aspectos, mas se trata de uma decadência do Ocidente, perdendo espaço para países como a China, como a Rússia, a Índia, e a reação tem sido usar posições militares, coerção, intimidação, para conseguir benefícios econômicos, mudanças de postura política […]. E isso está acontecendo para desespero deles, eles não têm muito a oferecer."
"O famoso dividir para conquistar. Essa tem sido a lógica das potências ocidentais. Posso dizer isso sem errar muito, porque o historiador, quando tenta precisar no tempo, às vezes erra. […] isso tem mais ou menos 20 anos, e nos últimos cinco anos elas ficaram muito mais agressivas, porque o crescimento desses Estados tem incomodado realmente esse Ocidente profundo que são a Europa e os Estados Unidos."
"Eles não querem se passar como terroristas, quando na verdade utilizam dessas táticas para obter extorsão, coerção, intimidação, chantagem, que é o uso comum quando você usa esse tipo de instrumento."
"Eles [Europa] estão entrando em recessão por causa de sanções e políticas propostas pelos Estados Unidos, contrárias aos seus interesses e que beneficiam os Estados Unidos na sua competição pelos mercados globais", disse ele. "As sanções […] [são] guerra econômica pura, uma outra face da guerra que os Estados Unidos estão travando com os países concorrentes para manutenção da sua hegemonia."
Trump e Rússia
Rússia e Brasil
"Nem a China se manifesta tão incisivamente — é que não é a primeira manifestação da Rússia a favor do Brasil e da Índia para um assento no Conselho de Segurança, até porque os Estados Unidos começam o jogo com 3 a 0; a França e o Reino Unido normalmente votam em conjunto com os americanos. E há uma relação de poder que já está amplamente ultrapassada", completou Cabral.
"Deveríamos ter uma mente mais aberta, ver melhor a situação russa, até porque o equipamento é tecnologicamente competitivo em relação ao Ocidente, com uma relação custo-benefício muito menor. Então nós deveríamos estar mais atentos às possibilidades de cooperação técnico-científica com a Rússia. […] isso aí não é uma questão ideológica, eu acho que é uma questão de preconceito mesmo. Passa governo, seja ele um governo mais progressista ou mais conservador, e as relações com a Rússia ficam sempre em segundo plano. Tem uma explicação lógica."