Panorama internacional

Desestabilização do Cáucaso do Sul: o que está por trás da parceria estratégica EUA-Armênia?

Nesta terça-feira (14), a Armênia e os Estados Unidos concluíram um acordo de parceria estratégica durante a visita do ministro das Relações Exteriores da Armênia, Ararat Mirzoyan, a Washington. O que está por trás do acordo?
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A iniciativa de parceria estratégica armênio-estadunidense foi anunciada pela primeira vez em junho de 2024 durante a visita do secretário de Estado adjunto dos EUA, James O'Brien, a Yerevan.
Anteriormente, os Estados Unidos estabeleceram cartas de parceria estratégica semelhantes às da Ucrânia em 2008 e da Geórgia em 2009. Essas cartas incluíam princípios de colaboração em defesa e segurança — embora sem garantir o envolvimento militar direto dos EUA em conflitos potenciais — e reconhecimento das aspirações desses países de ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Em 2021, a carta EUA-Ucrânia foi atualizada antes de Washington transformar o conflito da Ucrânia em sua guerra por procuração contra a Rússia. A parceria EUA-Geórgia foi suspensa em novembro de 2024, após o partido governista georgiano implementar políticas priorizando a soberania nacional, que divergiam dos interesses dos Estados Unidos.
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Por que a Armênia é importante para os EUA?

A Armênia, uma nação sem litoral no Cáucaso do Sul, mantém laços diplomáticos, econômicos e militares com os Estados Unidos desde o colapso da União Soviética, ocorrido em 1991. Vários fatores contribuem para a importância estratégica da Armênia para Washington:
1.
Cooperação de longa data: tropas armênias têm participado ativamente de operações dos EUA e da OTAN, incluindo missões no Afeganistão e na Força do Kosovo (KFOR, na sigla em inglês).
2.
Riqueza mineral: a Armênia é um país montanhoso e rico em recursos minerais, como ferro, cobre, molibdênio, chumbo, zinco, ouro, prata, antimônio e alumínio. Mais de 670 minas de minerais sólidos estão registradas no Estado.
3.
Localização geoestratégica: a Armênia fica ao longo do Corredor do Meio (como também é conhecida a Rota de Transporte Internacional Trans-Cáspio), uma região de crescente competição estratégica entre os Estados Unidos e a China. O governo de Joe Biden explorou a criação de novas rotas terrestres através do território armênio para fortalecer sua posição na região.
4.
Substituição da Geórgia: a parceria EUA-Armênia pode servir como substituto para a influência decrescente de Washington na Geórgia, após a suspensão de seu acordo de parceria estratégica com Tbilisi.

A Armênia está pendendo para o Ocidente?

A Armênia intensificou a mudança para o Ocidente desde sua derrota no conflito de 2023, com o Azerbaijão sobre Nagorno-Karabakh. Yerevan agora está tomando medidas para a adesão à União Europeia (UE) — um movimento questionável, considerando que Estados pós-soviéticos como Ucrânia e Geórgia, que se inscreveram antes, ainda não ganharam a adesão.
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O que a Rússia diz?

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse nesta terça-feira (14) que formar uma parceria estratégica com os EUA é o "direito soberano" da Armênia. No entanto, Peskov alertou que a parceria poderia ter como objetivo desestabilizar o Cáucaso do Sul.
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