"O crescimento produtivo, a produção econômica, o PIB [produto interno bruto], ele está crescendo", afirmou. "Se combinar transformação econômica, maior presença do Estado, maior presença da população organizada, eu acho que a gente pode ter uma surpresa bem positiva para a Venezuela construindo um novo modelo de sociedade."
"O poder comunal é aquele exercido pelas comunidades. Então, mais do que nunca, é necessário que esse poder comunal seja aprofundado. É preciso, fundamentalmente, neste mundo multipolar, que a Venezuela avance nessa construção política e econômica do chamado socialismo no século XXI", comentou o historiador.
"Ele inaugura toda essa sucessão de governos progressistas, mais ou menos à esquerda, desde o comecinho do século, e se mantém como, de todos esses governos, aquele que tem uma proposta mais radicalizada, que tem uma proposta realmente revolucionária, de superação do capitalismo, de construção de outras formas de sociabilidade. E, com isso, ele pauta, em parte, a região tanto para aqueles que o apoiam quanto para aqueles que são seus detratores", defendeu Santos.
"A Venezuela, nos últimos dois anos, foi o país latino-americano que mais cresceu", argumentou, ao atribuir o crescimento ao incremento de parcerias comerciais para burlar as sanções, como China, Rússia, Irã e Turquia.
"Essa oposição vive de apoios internacionais, principalmente dos Estados Unidos, e isso causa […] rachas e dissensões justamente porque eles brigam para ser o principal interlocutor dos Estados Unidos dentro da Venezuela", defendeu.
"Por isso que eles recorrem sistematicamente à violência, a atentados terroristas, a pedidos de intervenção militar estrangeira no próprio país e, rapidamente, suas alianças internas são desfeitas conforme o ciclo eleitoral termina e não conseguem apresentar força para disputar politicamente o país."
Venezuela e BRICS
"A entrada da Venezuela pode ser adiada, mas será detida, porque há uma necessidade por parte da China, da Rússia, da própria articulação do BRICS de contar com a Venezuela no BRICS. Isso vai ser feito com ou sem o apoio do Brasil", disse Santos ao recordar que o Brasil foi contra a entrada da Venezuela no grupo na Cúpula de Kazan, em 2024.
"A Chevron, uma importante petroleira americana, tem autorização para atuar na Venezuela. [Tem] autorização tanto do governo venezuelano quanto do governo americano. Os Estados Unidos continuam comprando petróleo venezuelano", lembrou Santos.