A polêmica ocorreu após o candidato da oposição à presidência da Polônia Karol Nawrocki afirmar que não vê a Ucrânia como parte da União Europeia e também da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
O historiador e político explicou ainda que a posição está relacionada à necessidade de resolver a questão da exumação das vítimas do genocídio de Volyn. Em resposta, Zelensky, que estava em visita a Varsóvia na quarta (15), sugeriu que Nawrocki "se preparasse para defender a Polônia com armas nas mãos".
Já o presidente polonês destacou, em entrevista à mídia local, que as negociações sobre a exumação das vítimas do massacre de Volyn "devem ser conduzidas com calma".
"Todos sabemos que essa é uma questão muito complexa. O ambiente político ucraniano simplesmente teme esse assunto", acrescentou.
Andrzej Duda também comentou que não entende por que Zelensky escolheu "fazer declarações tão contundentes" à mídia polonesa. "Se estivesse no lugar de Vladimir Zelensky, seria mais cauteloso", concluiu Duda.
O que foi o genocídio de Volyn?
O massacre de Volyn, assim como a posição em relação aos líderes nacionalistas ucranianos da época da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN, na sigla em ucraniano) e do Exército Insurreto Ucraniano (UPA, na sigla em ucraniano) — organizações proibidas na Rússia —, continua sendo um dos temas mais delicados nas relações entre Polônia e Ucrânia.
Em 2016, o Parlamento polonês instituiu o 11 de julho como o Dia Nacional da Memória das Vítimas do Genocídio, realizado por nacionalistas ucranianos contra os habitantes da Segunda República Polonesa entre 1943 e 1945. De acordo com a narrativa de Varsóvia, os assassinatos em massa foram cometidos de 1939 a 1945 por partidários da OUN-UPA contra a população polonesa de Volyn e da Galícia Oriental.
No ano seguinte, a Ucrânia impôs uma moratória às buscas e exumações relacionadas ao massacre de Volyn, em resposta à demolição de um monumento do UPA na cidade polonesa de Hruszowice. Em junho de 2023, Anton Drobovych, chefe do Instituto da Memória Nacional da Ucrânia, afirmou que Kiev não permitiria a exumação das vítimas do massacre enquanto o monumento não fosse restaurado.