Para onde vão os continentes
A superfície sólida da Terra, a litosfera, é dividida em placas gigantes que estão em constante movimento.
Por causa disso, ocorre a deriva continental – em intervalos de 400 a 600 milhões de anos, as massas de terra se unem e depois se separam novamente.
Agora, a Terra está no meio de um ciclo: o oceano Atlântico está se expandindo alguns centímetros por ano, enquanto o Pacífico está ficando menor e um dia desaparecerá completamente.
A Ásia se fundirá com as Américas, junto com a Austrália e a Antártica.
A espessura das placas não é uniforme:
A crosta continental tem, em média, cerca de 40 quilômetros de espessura;
A crosta oceânica tem apenas seis ou sete quilômetros de espessura.
Na junção, a placa mais fina "mergulha" sob a placa maciça e se funde com o manto. O local onde isso acontece é a chamada zona de subducção.
O exemplo mais famoso dessa linha é o Anel de Fogo do Pacífico, uma faixa de atividade vulcânica que passa pelo Havaí, Kamchatka e Califórnia, entre outros lugares.
Em um novo trabalho, geólogos do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, junto com colegas do Instituto de Tecnologia da Califórnia, decidiram olhar sob as placas litosféricas para estudar a composição do manto da Terra.
Planeta através da ultrassonografia
É impossível fazer isso diretamente: não se pode perfurar a crosta para coletar amostras ou medir a temperatura e a pressão da matéria fundida.
Os únicos métodos de pesquisa disponíveis são indiretos.
Por exemplo, é medida a velocidade de propagação de ondas sísmicas geradas por terremotos, que depende da densidade e de outras qualidades do material pelo qual as vibrações passam.
Os cientistas obtêm uma espécie de imagem de ultrassom que mostra a estrutura interna do planeta, com partes das placas tectônicas oceânicas que submergiram no manto pela colisão com uma crosta continental poderosa na zona de subducção.
13 de setembro 2024, 11:57
Até o momento, tais estudos não trouxeram nenhuma surpresa – as partes submersas estavam exatamente onde se esperava que estivessem.
No entanto, o novo trabalho, ao combinar dados de todos os tipos de ondas conhecidas, obteve uma enorme quantidade de informações, processadas pelo supercomputador suíço Piz Daint.
Essa abordagem revelou vários maciços que parecem partes submersas de placas litosféricas. Mas muitos deles foram encontrados em lugares inesperados.
'Artéria na nádega'
Uma estrutura misteriosa foi notada, por exemplo, sob a parte ocidental do oceano Pacífico, onde, ao que se sabe, na história geológica recente da Terra não havia zonas de subducção.
"Com o novo modelo de alta resolução, podemos ver essas anomalias em toda parte do manto da Terra. Mas não sabemos exatamente o que elas são ou que material está criando os padrões que descobrimos", disse Thomas Schouten, primeiro autor e estudante de doutorado do instituto de Zurique.
Seu colega, o professor Andreas Fichtner, faz uma comparação dizendo que é como se um médico ultrassonografista tivesse recebido uma ferramenta de pesquisa avançada e, de repente, encontrasse uma artéria na nádega onde ela não deveria estar.
Por enquanto, os cientistas só podem supor o que exatamente eles viram.
De acordo com uma versão, não se trata de restos de placas, mas de material antigo rico em silício, preservado no manto desde sua formação, ou seja, há cerca de quatro bilhões de anos.
De acordo com outra versão, trata-se de aglomerados de rochas ricas em ferro, que se acumulam em um só lugar como resultado do movimento da matéria fundida.
Os especialistas admitem que, para responder a essa pergunta, são necessários dados adicionais e, muito provavelmente, novos métodos de pesquisa.