O presidente turco Recep Tayyip Erdogan afirmou nesta segunda-feira (20) que a Turquia está pronta para discutir o fornecimento de gás para a a Eslóváquia como forma de suprir o envio de gás ao país interrompido pela Ucrânia no início do mês.
A declaração foi dada em coletiva em Ankara ao lado do primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico. Erdogan afirmou que seu governo espera discutir a questão com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o chanceler russo, Sergei Lavrov.
"Se a Ucrânia cortou o fornecimento de gás da Eslováquia, devemos tomar medidas. O nosso ministro das Relações Exteriores discutirá a questão da necessidade de gás da Eslováquia com [Sergei] Lavrov, e eu discutirei isso com Lavrov e [Vladimir] Putin. Tomaremos essas medidas nesta semana", afirmou Erdogan.
Abordando o conflito ucraniano, Erdogan disse que "nada pode ser alcançado através da guerra, e uma solução só é possível através da paz". Ele afirmou que vai conversar sobre o tema com o presidente dos EUA, Donald Trump, que tomou posse nesta segunda-feira (20).
"Discutiremos isso com o Sr. Trump e atuaremos na direção apropriada", disse o primeiro-ministro turco.
Ele acrescentou que é muito importante para a Turquia "manter exatamente a mesma relação amistosa" com Trump vivenciada durante o primeiro mandato do republicano (2017-2021).
Erdogan apontou ainda a necessidade de suspender as sanções internacionais à Síria.
"Enfatizamos a necessidade de levantar as sanções internacionais deixadas pelo regime anterior à Síria", disse Erdogan.
Em 1º de janeiro, a Gazprom anunciou que está técnica e juridicamente impossibilitada de fornecer gás via território ucraniano devido ao término do acordo com a Naftogaz Ucrânia. No mesmo dia, o fornecimento foi interrompido, diante da falta de renovação do acordo pelas autoridades ucranianas.
Analistas apontam que a interrupção do fornecimento perpetrada por Kiev pode causar mais danos à Ucrânia do que à Rússia.
Poucos dias após a interrupção, Fico alertou que com a medida a Eslováquia poderia suspender o envio de ajuda humanitária, interromper o fornecimento de energia à Ucrânia em casos de emergência e reduzir consideravelmente o apoio aos cidadãos ucranianos atualmente no país. Fico também ameaçou usar seu poder de veto na União Europeia em questões relacionadas a Kiev.
A interrupção também agrava o cenário da Europa, já fragilizada pelo conflito ucraniano. Isso porque pode provocar um aumento nas tarifas de energia, fortalecendo as pressões inflacionárias e ampliando a crise do custo de vida no continente europeu. Kiev já havia feito declarações sucessivas sobre não ter intenção ou interesse de estender o acordo, o que reacendeu o medo de uma nova crise energética na Europa.