A coalizão do primeiro-ministro israelense está enfrentando turbulências sobre a assinatura e implementação do cessar-fogo em Gaza em meio a ataques liderados por "pesos pesadosministeriais" da direita radical, como o ministro da Segurança Nacional Itamar Ben-Gvir e o ministro das Finanças Bezalel Smotrich.
Ben-Gvir deixou o gabinete no domingo (19), prometendo retornar se a guerra em Gaza recomeçar "com força total". Smotrich também renunciou temporariamente e ameaçou derrubar o governo, mas consequentemente anunciou que retornaria.
A coalizão de Netanyahu mantém maioria apertada no parlamento de 120 assentos de Israel, liderado por seu partido, o Likud, e incluindo os partidos de direita religiosa ou sionista Shas, Judaísmo Unido da Torá, Noé Ortodoxo e Nova Esperança — Direita Unida.
Alguns observadores temem que, se novas eleições forem realizadas, a política israelense retome um ciclo de instabilidade como o experimentado entre 2018 e 2022, quando cinco votações antecipadas foram convocadas em um período de quatro anos em meio a disputas intermináveis entre alas pró e anti-Netanyahu no Parlamento israelense.
A longa saga do julgamento criminal de Netanyahu, constantemente adiada pela guerra e por questões de saúde do líder israelense, também ameaça voltar para assombrá-lo agora que a crise de Gaza foi temporariamente suspensa.
O que está por trás das reclamações?
A saída de Ben-Gvir está ligada "à possibilidade do Hamas permanecer no poder em Gaza por algum tempo", disse à Sputnik Zeev Hanin, professor de política da Universidade Bar-Ilan, comentando sobre a confusão na coalizão governista.
A direita está furiosa porque a segunda parte do objetivo declarado de Netanyahu de libertar os reféns e destruir o Hamas não aconteceu, explicou o analista.
Ao mesmo tempo, "pelo menos dois terços dos israelenses, a julgar pelas pesquisas, ficarão satisfeitos neste estágio" com o retorno dos reféns, e considerarão isso "uma vitória nesta guerra", diz o observador. A atitude é: "Devolva-os e lide com o Hamas no futuro", disse Hanin.
Eleições de primavera para Netanyahu?
Segundo Hanin, a coalizão de Netanyahu tem 63 membros, o suficiente para evitar que as birras de seus ministros da direita radical o derrubem.
As eleições provavelmente serão nesta ano, mas "não antes da primavera", acredita o especialista.
"Elas ocorrerão quando Netanyahu decidir que é conveniente para ele dissolver o Parlamento israelense e organizar a votação, se o acordo lhe trouxer dividendos políticos, digamos assim. Mais importante, se houver alguns acordos com Trump por trás do acordo, quaisquer concessões em Gaza parecerão razoáveis e moderadas", resumiu o professor.